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Óbitos de covid-19 batem recorde e aproximam Brasil do patamar da Itália

Mulher utiliza telefone celular e máscara de proteção em Turim, na Itália, em meio à pandemia de coronavírus - Massimo Pinca
Mulher utiliza telefone celular e máscara de proteção em Turim, na Itália, em meio à pandemia de coronavírus Imagem: Massimo Pinca

Do UOL, em São Paulo

24/04/2020 01h30

Com o anúncio de 3.735 novos pacientes diagnosticados com covid-19 entre quarta e quinta-feira, o Brasil superou a Itália em número de casos confirmados em um intervalo de 24 horas. Segundo números da OMS (Organização Mundial de Saúde), o país europeu registrou ontem 3.370 novos casos da doença.

Considerados os óbitos confirmados em 24 horas, nunca estivemos tão próximos das taxas do país que, em março, foi o epicentro da doença no mundo: ontem, foram 437 mortes lá contra 407 aqui — maior número registrado no Brasil desde o início da pandemia.

Em comum entre os países, além dos números registrados de um dia para o outro, está a pressão que os governos têm sofrido para preservar a economia dos impactos da crise e os debates sobre o fim do isolamento social. A Itália, contudo, vive momento bem diferente do brasileiro em relação à pandemia do novo coronavírus.

Com um total de 187.327 casos confirmados, a Itália é hoje o terceiro país mais afetado pela doença, atrás de Estados Unidos (800.926) e Espanha (208.389), sempre de acordo com a OMS.

Comparações entre países são delicadas e têm de levar em conta fatores locais e diferentes metodologias, que muitas vezes inviabilizam estimativas sobre o futuro da pandemia em um território a partir desse tipo de análise. Além disso, dados oficiais desconsideram a subnotificação que ocorre em menor ou maior grau em cada país.

Itália parece ter passado pelo pico; Brasil, não

Na Itália, o primeiro óbito foi registrado em 20 de fevereiro; enquanto no Brasil isso ocorreu em 15 de março. O presidente do Instituto Superior de Saúde da Itália, Silvio Brusaferro, afirmou, no dia 31 de março, que o país havia atingido o pico da doença.

Em abril, começaram a surgir sinais de redução da doença na Itália. Por quatro dias seguidos, o número de casos ativos tem caído e, pela primeira vez desde o início da pandemia, o número de curados supera o de infectados.

Segundo o Departamento de Proteção Civil, tiveram alta de hospitais ou foram consideradas curadas 3.033 pessoas em 24 horas, enquanto que, no mesmo período, foram confirmados 2.646 diagnósticos.

Passado o pior, o país começa a pensar agora na segunda fase do combate ao novo coronavírus, com a transição do isolamento que começou em 9 de março e que foi prorrogado ao menos até o próximo dia 4 de maio.

"É sensato acreditar que adotaremos [a flexibilização do isolamento] a partir de 4 de maio", disse o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, na terça.

No Brasil, porém, estimativas do próprio governo federal projetam que o pico de casos chegará apenas em maio. O crescimento ontem do número de casos, que totaliza 49.492 em todo o país, foi maior do que o esperado pelo Ministério da Saúde.

"Em relação aos números, sobre casos novos e óbitos, a gente teve um aumento nos óbitos que foi acima do que vinha acontecendo anteriormente", disse o ministro Nelson Teich.

"A gente não sabe se isso representa um esforço de fechar os diagnósticos ou se representa uma linha de tendência de aumento", completou, afirmando que a definição das próximas ações do governo federal será baseada nos dados dos próximos dias.

Diretriz para medidas de restrição

Pressionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e por setores da sociedade, Teich planeja anunciar na semana que vem uma diretriz para orientar estados e municípios quanto às medidas de restrição. O fim do isolamento, contudo, dependerá da evolução dos números.

"Quando digo que a gente vai ter que mapear no dia a dia e vai ter critérios, isso não quer dizer que a gente vai sair amanhã, ou que alguém defenda o isolamento ou não. A gente defende o que é melhor para a sociedade. Se o melhor para a sociedade for o isolamento, e tiver que ser o isolamento, é o que vai ser. Se eu puder flexibilizar, dando autonomia para as pessoas, uma vida melhor, e se isso não for influenciar na doença, é o que eu vou fazer", concluiu.