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David Uip diz que SP ainda não decidiu sobre reabertura em 11 de maio

O infectologista David Uip - Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
O infectologista David Uip Imagem: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

Do UOL, em São Paulo

29/04/2020 19h40

David Uip, coordenador do Centro de Contingência da covid-19 em São Paulo, disse hoje ao "Brasil Urgente", da TV Bandeirantes, que o estado ainda não tomou uma decisão sobre o plano de reabertura do comércio em 11 de maio.

"Não tem decisão de abertura em 11 de maio. O que o governador [João Doria, do PSDB] vem reiteradamente falando é que ele vai tomar uma decisão até 11 de maio em cima de um plano que foi muito em feito antes e que está sendo discutido por diversos atores", disse o médico infectologista.

O especialista destacou que, além da capital e da Grande São Paulo, o interior do estado também é motivo de preocupação pelo avanço do novo coronavírus.

"Olhando toda a disponibilidade de leitos, especialmente de UTI, claramente você vê o sistema municipal de São Paulo pressionado, vê a Grande São Paulo, a área metropolitana, também já começando a pressionar, e vê a interiorização do vírus. Observa-se um aumento do número de casos nos municípios. Hoje, são mais de 300, dos 645 municípios, com casos do novo coronavírus", alertou.

David Uip reiterou a importância de "achatar a curva" de casos na capital para que equipamentos e profissionais de saúde possam ser realocados para o interior do estado em outro momento, se necessário.

"Na hora que o interior estiver mais pressionado, é importante que a área da Grande São Paulo esteja menos. Se nós conseguirmos continuar achatando e diminuir a chance de um pico Everest, e sim de uma montanha, você distribui recursos, distribui profissionais. Isso tudo é planejado. Se vai ser conseguido ou não, é o dia a dia", explicou.

São Paulo encerrou o dia ontem com 48% de isolamento — taxa que preocupa David Uip e o próprio governador João Doria, que avisou, hoje, que este percentual não permite a flexibilização do isolamento no estado.

O infectologista David Uip seguiu a mesma linha de preocupação.

"A taxa que impacta a curva é a partir dos 50%. Abaixo dos 50% é uma taxa ruim. O ideal é acima de 50%, talvez chegar a 60%, o que não é simples. São Paulo não parou, 74% da atividade de São Paulo continua, as indústrias não pararam, os serviços essenciais não pararam, os transportes não pararam. Trabalhar com a faixa acima de 50% é interessante, importante e impactante na curva. Abaixo [de 50%], é preocupante. É luz amarela", disse o médico.

"No dia seguinte da decisão [de reabrir], seja lá quando for, vai ser um mundo adaptado. Municipalizado, regionalizado. A volta, quando ocorrer — eu insisto que não tem data para isso — tem de ser muito planejada. Mesmo quem planejou muito bem, como a Alemanha, teve um aumento de um dia para o outro", comentou o especialista.

Parte da população tem questionado o fato de que já foram feitas diferentes previsões para o pico de contágio do coronavírus. David Uip explicou a diferença nas projeções e por que ainda não se pode dizer que chegamos ao pior cenário da pandemia.

"O primeiro pico previsto foi abril, e não aconteceu. As pessoas acharam que foi má notícia, mas foi boa notícia. Isso significou, e não há dúvida disso, por modelos matemáticos, que nós conseguimos achatar a curva. Não foi abril. Agora as pessoas falam que vai ser na segunda ou terceira semana de maio. Vão se decepcionar se não for? Não. Tudo o que nós pretendemos fazer é que não tenha o pico e, se tiver, que seja o menos alto possível", concluiu.