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Após pedir demissão, ex-ministro Teich diz: "Vida é feita de escolhas"

Do UOL, em São Paulo

15/05/2020 19h07

Após pedir demissão do governo de Jair Bolsonaro, na manhã de hoje, o ex-ministro da Saúde Nelson Teich afirmou por meio das redes sociais disse que a vida é feita de escolhas e que aceitou o cargo pelo Brasil e pelos brasileiros.

"A vida é feita de escolhas e nesse momento escolho sair. Agradeço a todos que estiveram ao meu lado nessa trajetória. A missão da saúde é sempre tripartite: Ministério da Saúde, Estados (CONASS) e Municípios (CONASEMS)", iniciou ele, em seu perfil no Twitter.

"Iniciei as visitas do MS nas cidades mais afetadas pela covid-19, o que nos mostrou que o caminho certo para o entendimento da doença é estar na linha de frente, junto com os profissionais da saúde, que lutam diariamente para salvar e ajudar seus pacientes", prosseguiu.

O ex-ministrou completou a mensagem dizendo que "não aceitei o convite pelo cargo, aceitei pelo Brasil e principalmente por todos os brasileiros".

O ministro da Saúde, Nelson Teich, deixou hoje o governo do presidente Jair Bolsonaro, menos de um mês depois de substituir Luiz Henrique Mandetta na pasta. A sua saída já vinha sendo cogitada havia alguns dias. Uma entrevista coletiva está marcada para esta tarde no ministério para esclarecer a exoneração.

Às 12h, uma nota divulgada pela assessoria de imprensa do ministério informava que Teich pediu demissão. 12 minutos antes, porém, um membro da pasta tinha informado que o oncologista foi demitido em uma reunião de última hora com Bolsonaro para a qual foi convocado nesta manhã.

O general Eduardo Pazuello assumiu interinamente o comando do Ministério da Saúde após a confirmação da saída de Nelson Teich.

Divergência sobre uso da cloroquina

Hoje cedo, em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que o protocolo de uso da cloroquina seria mudado pelo Ministério da Saúde, apesar de Teich ter alertado para a falta de comprovação científica de eficácia e os efeitos colaterais. O presidente quer a inclusão do uso desde os primeiros sintomas do coronavírus

"O protocolo deve ser mudado hoje porque o Conselho Federal de Medicina diz que pode usar desde o começo então. É direito do paciente. O médico na ponta da linha é escravo do protocolo. Se ele usa algo diferente do que está ali e o paciente tem alguma complicação ele pode ser processado", disse.

2ª queda de ministro durante a pandemia

Nelson Teich já é o segundo ministro da Saúde que cai em plena pandemia do novo coronavírus.

Luiz Henrique Mandetta, que estava no cargo desde o início do governo Bolsonaro, deixou o ministério da Saúde no dia 16 de abril, colocando fim a uma gestão marcada pelo embate com o presidente sobre o combate covid-19.

A defesa do ex-ministro para que o país seguisse as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para brecar a proliferação da doença no país gerou atrito com Bolsonaro, que é a favor da tese de que a economia não pode parar e que apenas uma parcela da população deveria ficar em isolamento.

O apoio público do presidente para o uso da cloroquina também foi outro motivo de discordância entre os dois.