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Opas não recomenda uso de cloroquina contra o coronavírus: 'Não há prova'

Cloroquina é usada em casos graves de covid-19 no Brasil, mas ainda não provou eficácia em estudos - Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Cloroquina é usada em casos graves de covid-19 no Brasil, mas ainda não provou eficácia em estudos Imagem: Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Do UOL, em São Paulo

19/05/2020 13h11

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) reforçou hoje, durante coletiva de imprensa virtual, que não recomenda a utilização da hidroxicloroquina e da cloroquina no tratamento da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

No Brasil, o medicamento é considerado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como uma arma no combate à pandemia.

"A posição da Opas é que não há nenhuma prova que indique a recomendação da hidroxicloroquina e da cloroquina para uso diante da covid-19. Ainda não temos os resultados dos ensaios clínicos que sugerem a eficácia desse medicamento", considerou o doutor Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis da entidade.

"De fato, desde o começo a Opas tem trabalhado com os países em geral e produziu uma divisão sistemática sobre as evidências desses medicamentos, e acabamos de atualizá-la e ainda não há evidências. O uso é uma decisão de cada país, mas nossas indicações são claras de que não devem ser utilizados", completou.

Ainda sobre a situação do Brasil diante da pandemia do novo coronavírus, quando questionado sobre o que poderia ser feito para convencer a população a seguir as recomendações de isolamento social, Espinal reforçou a importância dos países transmitirem uma mensagem consistente sobre o assunto.

"O conselho é enviar mensagens para informar as pessoas. Mas quando a mensagem é diferente, existem problemas e as pessoas não sabem o que aceitar. É importante que os países transmitam uma mensagem consistente com as recomendações internacionais dadas pela OMS. As políticas dessas instituições são muito claras", disse o diretor.

Grupos vulneráveis na América

O aumento de casos e mortes causadas pelo novo coronavírus na América enquanto outras partes do mundo veem os números caírem tem preocupado a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Com isso, a entidade tem focado nos cuidados com os grupos vulneráveis que correm maior risco diante da pandemia. Isso inclui grupos indígenas que vivem na Bacia Amazônica.

Citando emergências econômicas, sociais e de saúde, Carissa Etienne, diretora da Opas e diretora Regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), apontou Manaus entre os locais que merecem atenção durante seu discurso inicial.

"Já confirmamos 20.000 casos nas províncias que formam a Bacia Amazônica, onde a incidência tende a ser duas vezes maior em comparação com outros estados nos mesmos países. Sem ação imediata, essas comunidades enfrentarão um impacto desproporcional", considerou Etienne.

Além disso, as mulheres e os afrodescendentes na América Latina também foram citados como grupos específicos que correm riscos maiores devido às barreiras sociais e que exigem políticas específicas para proteção.

Para isso, Carissa Etienne afirmou que a Opas tem trabalhado para melhorar o acesso às medidas de saúde pública, pediu que todos os países fortaleçam a capacidade do sistema de saúde para melhor atender as comunidades vulneráveis e finalizou o discurso reforçando que é preciso instituir fortes proteções sociais e econômicas para a proteção dos determinados grupos.

Ainda de acordo com a fala da diretora da Opas, até ontem, foram contabilizados mais de 2 milhões de casos de covid-19 e mais de 121.000 mortes causadas pelo novo coronavírus na América. "O que representa um aumento surpreendente de 14% para os casos e para as mortes da semana passada", explicou Etienne.

No Brasil, os números continuam subindo. Segundo a última atualização divulgada pelo Ministério da Saúde, o país tem 254.220 casos e 16.792 mortes confirmadas pelo vírus.