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'Sem capacidade de produzir vacina, Brasil ficará na fila', alerta Mandetta

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta - Andressa Anholete/Getty Images
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta Imagem: Andressa Anholete/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

21/05/2020 20h59

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), disse que o Brasil precisa agilizar e viabilizar sua capacidade de produção de vacinas, especialmente em relação ao coronavírus, para "não ficar na fila" quando esta substância for descoberta e testada em algum lugar do mundo.

"Vai ser através da ciência que nós vamos sair dessa. O Brasil deveria estar agora discutindo complexo industrial para vacina. Se sair uma vacina no mundo rico, eu quero ver se vão produzir para entregar para o Brasil ou se vão se abastecer primeiro. Se a gente não tiver capacidade de produzir, vamos ficar na fila. Estava na hora de colocar as suas unidades de produção, porque a vacina deve ser a única coisa capaz de pacificar", alertou.

O comentário foi feito hoje, em participação em live do Democratas no YouTube. Embora tenha respondido perguntas sobre como se daria a produção de uma eventual vacina para a covid-19, Mandetta avisou que ainda não há previsão para esta descoberta e comentou as tecnologias que o planeta deve adotar para verificar se as pessoas foram vacinadas ou não -algo que teria de ser feito na fronteira entre países, por exemplo.

"Não dá para ter bola de cristal e prever quando sai uma vacina. Eu era estudante quando a Aids apareceu, o Cazuza estava adoecendo, e o professor disse que dentro de um ano teríamos uma vacina. Já se passaram 31 anos desse dia e até hoje não chegamos. Mas vamos supor que tenha uma vacina. Todo mundo vai ter que ter o QR code do lote da vacina. Na hora que você for pedir passaporte para entrar em um país, acha que o país vai permitir que você entre sem mostrar sua vacina do coronavírus?", questionou.

"Ou seja, quais serão os acessos que os países terão às nossas informações para permitir o trânsito [de pessoas e mercadorias]? Como serão os grandes eventos? Teremos Carnaval nas ruas caso não haja vacina? Não dá para saber quando será o pico, não somos futurólogos. Eu falei em março que seriam cinco meses muito longos, então a gente deve ir até agosto. Será que teremos uma segunda onda de infecção?", disse.

No dia em que o Brasil registrou 1.188 mortes confirmadas em 24 horas, Mandetta alertou que a epidemia está longe do fim. "Infelizmente, nós ainda estamos vendo o número subir, subir e subir. Nós ainda não vimos este vírus dizer que parou. É um absurdo falar de movimentação de pessoas no calor da epidemia. O Brasil é muito grande, não existe receita de bolo. Cada um de nós tem bioma, cultura e sociedade diferentes", concluiu.