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SP: Ocupação de UTI e curva da covid definirão onde quarentena terá redução

Centro de São Paulo vazio em razão da quarentena - Foto: Jardiel Carvalho/Folhapress
Centro de São Paulo vazio em razão da quarentena Imagem: Foto: Jardiel Carvalho/Folhapress

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

26/05/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Governo avalia reabrir parte dos negócios em cidades com bons parâmetros e ampliar restrições onde a covid-19 avança
  • Tudo vai depender da lotação de UTIs, adesão ao isolamento e queda de casos
  • A resposta virá do comitê de saúde, que se reúne hoje para avaliar o impacto do megaferiado nos dados de saúde
  • Estatísticas de leitos de hospitais, exames realizados e casos confirmados serão enviados por todas as cidades do Estado
  • O estudo destas estatísticas vai responder se é possível reabrir parte dos negócios, manter como está ou, até mesmo, aumentar as restrições

Depois de descartar o lockdown, o governo de São Paulo está fechado para balanço hoje. Secretários e técnicos vão se debruçar sobre planilhas com parâmetros de saúde de cada região do estado para definir a implementação da "quarentena inteligente".

Foi com este nome que o governador João Doria (PSDB) batizou o novo sistema que pode levar algumas cidades à flexibilização, e outras, ao aumento de restrições. Pode acontecer também de nenhum local receber autorização para reabrir parte do comércio.

O comitê de saúde faz reuniões quase diárias e com dados cada vez mais negativos. Mas hoje a expectativa é avaliar se a antecipação dos feriados — o 'megaferiado' — segurou a curva da covid-19.

Os especialistas receberão estatísticas de saúde de cada um dos 645 municípios paulistas. Haverá atenção especial às cidades da Baixada Santista, porque a doença está se espalhando nesta parte do litoral.

Os dados de saúde, aliado ao isolamento social, vão indicar se a cidade será considerada como área verde, amarela ou vermelha. Esta é a escala criada pelo governo do Estado para classificar a disseminação da pandemia em cada município.

Reabrir negócios exige estar na área verde. Os critérios para autorizar o afrouxamento da quarentena são três: o município ter isolamento social mínimo de 55%, taxa de ocupação de UTIs inferior a 60% e queda continuada de casos confirmados da covid-19 por duas semanas. As regras não são novidade e foram divulgadas em 8 de maio, no anúncio do Plano São Paulo.

A definição destes requisitos foi considerada importante. Um integrante do Centro de Contingência ao Coronavírus afirmou que a partir daquele momento a sociedade conhecia as condições para afrouxar o isolamento social. Nem a população, nem empresários poderiam dizer que foram pegos de surpresa.

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Mulher vai a parte acessível do Parque do Ibirapuera durente megaferiado
Imagem: Ricardo Matsukawa/UOL

Taxa de ocupação de UTIs

O último boletim da Secretaria estadual de Saúde informou que a taxa de ocupação de UTIs na Grande São Paulo é de 88%. No restante do Estado, o índice está em 73%. Há 4.283 pessoas em leitos de terapia intensiva.

No domingo, São Paulo tinha 504 cidades com casos confirmados da covid-19 — o que representa 78% do total de 645 municípios.

Hoje também vai ocorrer um encontro do governador com prefeitos, na presença de Marco Vinholi, secretário de Desenvolvimento Regional e responsável pela interlocução do Palácio dos Bandeirantes com os municípios. Há prefeitos que irão para a reunião com expectativa de discutir reabertura.

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Entidade comercial avalia que cidades ficaram combalidas economicamente e pessoas casadas de fazer isolamento
Imagem: Wallace Martins / Estadão Conteúdo

Entidade comercial diz que Doria errou

A flexibilização não aparece como possibilidade para a Região Metropolita de São Paulo e Baixada Santista.

Afrouxar o isolamento social pode, inclusive, não ocorrer em nenhuma região. Mas, se ocorrer, precisará obedecer um protocolo de saúde que inclui estabelecimentos com controle de acesso, álcool gel disponível, funcionários de máscara e outros itens.

Setores com maior risco de falência, aqueles que empregam mais pessoas e os com menor potencial de transmissão do coronavírus terão prioridade.

Alfredo Cotait Neto, presidente da Facesp (Federação das Associações Comerciais de São Paulo), entidade que reúne centenas de associações comerciais no estado, conta com a reabertura de atividades em regiões distantes da capital. Ele participou de reuniões com o comitê econômico e defendeu que isto deveria ter acontecido antes do Dia das Mães.

Cotait entende que a flexibilização da quarentena deveria ter ocorrido no começo de maio, porque cidades do interior tinham pouca incidência da covid-19, realidade muito diferente da Grande São Paulo.

Na avaliação dele, o vírus está chegando agora aos locais mais remotos, mas é impossível continuar em casa porque os municípios estão combalidos economicamente e as pessoas emocionalmente cansadas de ficar em casa.