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CE e MA apontam benefícios do lockdown e iniciam reabertura da economia

Policiais abordam morador de Fortaleza durante o lockdown adotado contra a pandemia de coronavírus - DANIEL GALBER/UAI FOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Policiais abordam morador de Fortaleza durante o lockdown adotado contra a pandemia de coronavírus Imagem: DANIEL GALBER/UAI FOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

31/05/2020 04h00

Maranhão, Ceará e Pernambuco são os três estados do Nordeste que tiveram decreto de fechamento total, o lockdown, em algumas cidades. Seus representantes na área de Saúde adotam um discurso cauteloso em relação aos resultados da medida de isolamento social, mas apresentam dados que demonstram uma tendência na redução de casos de covid-19.

O primeiro estado brasileiro a ter lockdown foi o Maranhão, quando a Justiça decretou a medida em decorrência da pandemia do coronavírus. O fechamento total vigorou entre os dias 5 e 17 de maio na Ilha de São Luís e incluiu, além da capital, as cidades de Paço do Lumiar, São José de Ribamar e Raposa.

Ao UOL, o secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Eduardo Lula, afirmou que ainda aguarda os dados consolidados, mas apresenta indícios de que houve uma queda do número de pacientes com suspeita de covid-19.

"O número mais evidente é o de procura por nossas UPAs [unidades de pronto atendimento], que são nossas portas de entrada no sistema de saúde. Na capital, o número de pacientes caiu mais da metade: em abril eram 600 pessoas por dia, e na última semana foi de 298. Baixou muito", afirma Lula.

Outro ponto comemorado pela medida foi a redução na curva de contágio do novo coronavírus. "Existe um estudo feito por professores da UFPE [Universidade Federal de Pernambuco] que aponta que, após o lockdown, a gente entra num platô na capital. A taxa de contágio chegou a atingir mais de dois, e hoje é menos de um", comenta. "Platô" é o termo técnico para estabilidade na taxa de crescimento de casos da doença.

Diante do cenário positivo, o Maranhão inicia nesta segunda-feira (1º de junho) a reabertura de setores não essenciais, que vão ter de seguir protocolos sanitários específicos. "As pessoas não podem achar que está tudo bem. A gente vê hoje um número de pessoas circulando na cidade, e vamos ficar monitorando a situação", finaliza o secretário da Saúde.

Ceará também reabre

No Ceará, que tem a capital com o mais longo tempo de lockdown até o momento no país — Fortaleza está com fechamento total desde o dia 9 de maio —, os resultados também já são positivos, dizem as autoridades. E o estado também terá início de reabertura da economia a partir desta segunda-feira.

Segundo o secretário de Saúde do Ceará, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, conhecido como Cabeto, as unidades de saúde tiveram uma queda significativa de atendimentos em Fortaleza, cidade que passa por uma "tendência clara de redução de casos e mortes".

"Quando a gente analisa a pressão sobre os sistemas de saúde, um dos marcadores é o atendimento de UPAs e emergências de portas abertas. Na última semana, tivemos um atendimento 50% menor nas UPAs, onde está o nosso epicentro da epidemia", afirma.

Por conta da redução do contágio, o Ceará vai iniciar um plano de reabertura gradativa da economia dividido em quatro etapas. "Essa fase de transição é uma fase de teste. Então, da primeira fase para a segunda serão 15 dias, mas em sete dias teremos novos números para avaliar se seguiremos, e assim sucessivamente", explica Cabeto.

Recife vê apenas indícios

Já no Recife, o secretário municipal de Saúde, Jaílson Correia, foi mais comedido em avaliações positivas, até porque a capital pernambucana decretou lockdown apenas no último dia 15. Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e São Lourenço da Mata também adotaram a medida.

"Ainda não temos certeza, seria precipitado e estamos vendo com cautela e reavaliando diariamente. Mas existem indícios de uma desaceleração [da covid-19]. Naturalmente sabemos que a adição de medidas precoces nas capitais são importantes, e podem, sim, estar mostrando sinais positivos. Mas é cedo para interpretar como uma tendência", pontua.

O governo de Pernambuco anunciou um plano de reabertura gradual da economia dividido em 11 etapas, mas ainda não há data para ser colocado em prática.