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Estados confirmam 91 mortes por covid-19 a mais que Saúde, revela consórcio

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

09/06/2020 20h05Atualizada em 09/06/2020 21h28

Dados das secretarias estaduais de saúde informam um total de 38.497 mortes em decorrência da covid-19 no país desde o início da pandemia, 1.185 delas confirmadas nas últimas 24 horas, revela o levantamento feito por um consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte. São 91 óbitos a mais do que os contabilizados no total oficialmente pelo Ministério da Saúde (38.406), apesar de, nas últimas 24 horas, a pastar ter registrado mais incidências (1.272).

Pela conta dos estados, 31.197 pessoas tiveram o diagnóstico oficializado nas últimas 24 horas, o que eleva o índice total para 742.084. Hoje, o governo federal confirmou 739.503 casos, 2.581 a menos que o levantamento indica.

Mato Grosso foi o único estado que não enviou os dados a tempo de o balanço ser fechado, às 20h. Após a divulgação, o estado confirmou 9 novas mortes e 96 novos casos. Os dados entrarão no próximo balanço.

Os números são resultado da segunda apuração em conjunto feitos por veículos de comunicação e consolidada às 20h. Já o Ministério da Saúde promove o fechamento de seus números até as 16h.

Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro (sem partido) de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de Covid-19, UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa desde ontem e buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades da Federação.

Os veículos de comunicação chegaram aos dados por meio dos boletins informativos mais recentes de cada unidade da Federação, assim tendo um retrato da evolução da pandemia no Brasil nas últimas 24 horas. O estado de Sergipe ainda não atualizou seus números hoje, por isso foram contabilizados os registros feitos ontem à noite.

Nordeste supera Sudeste em casos

Pela primeira vez nesta pandemia, a região Nordeste ultrapassou o Sudeste em número de casos oficiais de covid-19. Os estados nordestinos somam 261.341 diagnósticos, total que tem 158 casos a mais do que os sudestinos (261.183).

O aumento de casos do Nordeste é puxado principalmente pelo Ceará, que contabilizou 2.805 diagnósticos nas últimas 24 horas e chegou a 69.023. Trata-se do terceiro estado do Brasil com mais casos, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.

Por sua vez, São Paulo passou dos 150 mil diagnósticos (150.138, precisamente) e voltou a ser o estado que mais registrou novos casos (5.545) e também novas mortes (334). Também aparece com destaque o Rio de Janeiro (3.480 novos casos; 147 novas mortes), o Ceará (2.805 casos; 167 mortes) e o Pará (3.065 casos; 68 mortes).

No total, dez unidades da Federação registraram mais de 1 mil diagnósticos de covid-19 nas últimas 24 horas: além dos quatro citados acima, também Maranhão (2.698), Bahia (1.766), Paraíba (1.501), Amazonas (1.417), Espírito Santo (1.305) e Distrito Federal (1.142).

Ainda quanto aos casos, o Maranhão chegou a 52.069 casos oficiais, ultrapassou o Amazonas (51.234) e se tornou o quinto estado brasileiro com mais casos de covid-19.

Mudanças na divulgação oficial

Após voltar a registrar estatísticas consolidadas da pandemia, o que não ocorria desde sexta-feira, o Ministério da Saúde confirmou hoje o segundo maior número de casos registrados em 24 horas: 32.091 — mais do que o dobro do anunciado ontem.

Os índices retornaram ao site oficial após o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, determinar que o governo federal retomasse a divulgação. "[Decido] determinar ao ministro da Saúde que mantenha, em sua integralidade, a divulgação diária dos dados epidemiológicos relativos à pandemia (covid-19), inclusive no sítio do Ministério da Saúde e com os números acumulados de ocorrências, exatamente conforme realizado até o último dia 4 de junho", escreveu Moraes, na decisão liminar.

Nesta semana o Ministério da Saúde decidiu mudar a maneira de divulgar as mortes por covid-19 no Brasil. A pasta adotará em seu boletim informativo apenas os óbitos que ocorrerem naquele mesmo dia em questão, excluindo da conta os registros atrasados de dias anteriores.

Isso causará uma queda significativa no número de mortes divulgado pelo Governo Federal, porque o Brasil faz poucos testes e também tem atraso no diagnóstico.

Um levantamento do Observatório Covid-BR, que reúne universidades paulistas, calculou que 61% das mortes por covid-19 ocorridas entre março e maio foram notificadas com atraso de dez dias ou mais.

Há um mês, o UOL mostrou que as mortes por covid-19 no Brasil levavam até 51 dias para serem contabilizadas pelo Ministério da Saúde. Agora, os óbitos que demorarem mais de um dia para serem registrados não entrarão nas estatísticas.