Topo

Esse conteúdo é antigo

Triagem é mais importante do que isolamento, diz ministro interino da Saúde

Ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, em Brasília -
Ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, em Brasília

Do UOL, em São Paulo

13/06/2020 12h41

Ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello afirmou em entrevista exibida hoje pela CNN que triagens de brasileiros em locais diferentes do país são mais importantes para conter a epidemia do novo coronavírus do que o isolamento social.

O isolamento social é a medida orientada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que tem sido criticada nas últimas semanas pelo governo federal. Para Pazuello, "a pressão americana e de outros países [contra a OMS] é para cobrar que melhore, seja mais transparente, para que a gente tenha mais segurança".

De acordo com o ministro interino, "quanto mais local de triagem tem, melhor". "Se na triagem for detectado que ele está com risco de covid, tem que ir para um médico. Tem que ter triagem no mercado, no hospital etc, para aferir temperatura, oxigenação, a pressão, ver se tem ou não característica que ele deve ir ao médico", disse.

Questionado se os estados e municípios teriam recursos para espalhar centros de triagens em locais por onde pessoas trafegam, Pazuello defendeu que há recursos. "Se usar de maneira correta, a capacidade de montar uma triagem é muito simples. Precisa compreender a necessidade de fazer uma triagem robusta e rápida", afirmou.

"Ficou doente? Procure um médico. Se o médico checou o paciente, diagnostique. Faça a prescrição dos medicamentos que o senhor acha o mais ideal. Observe os medicamentos que estão à disposição. Dosagem, riscos, cuidado para não fazer a auto medicação", disse.

"Pacientes, tomem os medicamentos que os médicos prescreverem. Vá para casa e fique bom. Se não ficar bem, tem que receber tratamento em unidades de equipamentos respiratórios", acrescentou. Questionado se era a favor do uso da cloroquina, Pazuello disse que a "há um leque de medicamentos que estão à disposição" e que "cada caso o médico tem que avaliar de forma diferente".

Por fim, o ministro afirmou que iria pessoalmente nas próximas semanas a estados diferentes, mas cometeu uma falha ao chamar Porto Velho, capital de Rondônia, como estado.

"A gente já vem visitando toda semana algum lugar ou porque a gente quer aprender algo que está acontecendo que está dando resultado. A ida ao Acre tem a ver com a compreensão de que estados como Porto Velho, Acre ou Amapá ainda podem estar numa fase diferente de outros estados. Vamos pessoalmente levar que temos de funcional", afirmou.

Pazuello defende nova metodologia na divulgação

O Ministério da Saúde alterou a metodologia na divulgação dos dados de coronavírus registrados no país recentemente. A mudança gerou confusão, mas o ministro defendeu a alteração. "Dados apresentados eram apenas somativos. Quais são os dados de óbitos do dia? Quais os de contaminados? Estamos trabalhando os dados regionalmente. Mostra que temos curvas diferentes em cada local do país. [...] Não apenas um dado único", afirmou.

Segundo ele, pela nova metodologia, gestores regionais poderão agir melhor de acordo com as características locais da propagação do coronavírus. "Vamos colocar também os óbitos nos dias em que aconteceram para que a curva fique mais homogênea, mais clara", disse. "O número não muda. Fica registrado. Não tem como mudar", complementou.

"Os dados não têm como ser manipulados, porque estão registrados. Nunca houve mudança de protocolo sobre números. Os dados apresentados puros, apenas somados, não davam a capacidade de leitura suficiente. Precisava aprofundar mais. Não apenas falar o número total, mas mostrar como se chegou ao número total", acrescentou à explicação.

Testes de coronavírus

O ministro interino afirmou que ainda é preciso compreender a eficácia de cada tipo de teste para se detectar o coronavírus ao ser questionado se o Brasil estava testando menos a população em comparação com outros países latino-americanos.

Pazuello disse que será apresentado a ele na terça-feira que vem um planejamento para testes e defendeu que o ministério não deve apenas "distribuir mil testes para lá, para cá".

Segundo ele, o governo não enfrenta "dificuldade na compra de testes" e hoje há 10 milhões de testes a serem distribuídos pelo país. Ao menos outros 10 milhões de testes deverão ser adquiridos nas próximas semanas.

O ministro interino acrescentou que os laboratórios precisam ter mais gente capacitada para manusear o material dos testes e mais equipamentos para a conservação correta deles.