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Teich vê cenário 'incerto' e diz que problema agora é sair do isolamento

"É super comum você falar de um lugar que fechou, abriu e fechou de novo. O cenário é de absoluta incerteza", disse o ex-ministro - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
'É super comum você falar de um lugar que fechou, abriu e fechou de novo. O cenário é de absoluta incerteza', disse o ex-ministro Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

07/07/2020 19h51Atualizada em 07/07/2020 20h04

O ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, avaliou hoje que o cenário da pandemia de covid-19 no Brasil é de "absoluta incerteza" e que o maior problema agora é discutir como estados e municípios podem sair da quarentena da maneira mais segura possível.

"É super comum você falar de um lugar que fechou, abriu e fechou de novo. O cenário é de absoluta incerteza", disse o oncologista em entrevista à CNN Brasil. "A gente não conhece a realidade do coronavírus, a gente vai ter que ver o que vai acontecer quando tiver a liberação. Mas nosso problema hoje não é entrar no isolamento, é sair dele."

Para Teich, o Brasil devia ter elaborado um programa nacional de distanciamento social para poder comparar as regiões e, assim, entender quais políticas funcionariam para cada uma. A falta de critério, segundo o ex-ministro, é o que tem tornado a saída do isolamento tão questionável em alguns lugares.

O oncologista não quis, contudo, opinar sobre as escolhas de cada estado ou município. Teich acredita que os governos regionais só saberão no futuro quais políticas foram mais ou menos acertadas, e se reservou ao direito de não fazer suposições enquanto o País está "no meio do problema".

"O que está acontecendo hoje estava claro lá atrás. E não é nem uma pressão do presidente [pela volta à normalidade], é uma pressão da sociedade, da economia, da política, de tudo isso. O que a gente precisava ter feito era ter uma forma igual de trabalhar o distanciamento no Brasil. A ideia era essa [quando estava no Ministério da Saúde]", afirmou.

Bolsonaro e hidroxicloroquina

Questionado sobre a declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que estaria tomando hidroxicloroquina, Teich reforçou que não há nenhuma evidência científica de que o medicamento seja eficaz no tratamento da covid-19.

Bolsonaro anunciou hoje, no Palácio do Planalto, que foi infectado pelo coronavírus. Mais tarde, em vídeo publicado nas redes sociais, o presidente disse ter tomado sua terceira dose de hidroxicloroquina e que estava "muito bem".

"Os estudos que usaram hidroxicloroquina e cloroquina não mostraram benefício [ao paciente]", disse o ex-ministro. "Quando você analisa a doença na prática, [você vê que] a grande maioria das pessoas fica curada. [Mas] Não é porque você usou o remédio que foi ele que te curou, uma coisa pode não ter nada a ver com a outra."

Ele ainda criticou o que chamou de "politização" e "polarização" do uso da hidroxicloroquina.

"Acaba sendo usado de uma forma política, polarizada. Eu trago uma visão muito técnica, muito científica, sobre o que usar. A gente tem um volume de dinheiro baixo, então qualquer dinheiro que a gente tenha hoje vale muito. O uso adequado do recurso financeiro é fundamental", avaliou.