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SP: Capital e mais 5 regiões passam para a fase verde; cinemas podem abrir

Ana Carla Bermúdez e Rafael Bragança

Do UOL, em São Paulo

09/10/2020 12h52Atualizada em 09/10/2020 16h03

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou hoje que seis regiões do estado passaram para a fase verde do Plano São Paulo, de retomada da economia —incluindo a capital que, até a semana passada, não tinha índices para avançar para esta etapa. A flexibilização das medidas restritivas decretadas por causa do novo coronavírus vem acompanhada de uma melhora nos índices que avaliam a gravidade da pandemia de covid-19 no estado.

As áreas que avançaram de fase são as da Região Metropolitana de São Paulo —que voltou a ser unificada—, Sorocaba, Piracicaba, Campinas, Taubaté e Baixada Santista. Elas concentram 76% da população do estado, segundo o governo paulista.

A fase verde, a segunda menos restritiva do plano, começa a valer já a partir de amanhã. Nela, é liberado o funcionamento de cinemas, museus, teatros e eventos. Apesar da liberação para a abertura, estes estabelecimentos ainda devem obedecer aos protocolos de higiene e distanciamento. Os locais devem ter uma taxa de ocupação máxima de 60%.

São Paulo está sendo um exemplo pro Brasil e para o mundo com o Plano São Paulo. Um exemplo também pelas medidas tomadas pelo governo e pela Prefeitura de São Paulo, em medidas como obrigatoriedade do uso de máscara, do distanciamento social, uso do álcool gel e medidas protetivas
Governador João Doria, em entrevista coletiva realizada no Palácio dos Bandeirantes

A região de Barretos foi a única que regrediu e, agora, está na fase laranja, a segunda mais restritiva.

O Plano São Paulo tem cinco etapas —a flexibilização das medidas vai da fase vermelha (com mais restrições) até a azul (com o cenário da pandemia mais controlado).

Reunificação da Grande São Paulo

Na entrevista de hoje, o governador informou que a região da Grande São Paulo foi reunificada, após alguns meses dividida em sub-regiões.

"Hoje, passados já quase seis meses, houve uma mudança [na região metropolitana], menos de 40% dos leitos estão desmembrados. A cidade de São Paulo é uma referência médica da América Latina, é a cidade que concentra o maior número de pacientes graves, e é onde os pacientes do interior e da região metropolitana procuram ajuda quando os casos são mais graves", explicou José Medina, médico e coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo.

"A letalidade na cidade de São Paulo é maior do que no resto do estado, porque concentra os casos mais graves e sacrifica os indicadores da cidade. Por isso achamos razoável essa reorganização", completou.

A Prefeitura de São Paulo vinha reclamando que 17% dos pacientes na capital são de outros municípios, fazendo com que a taxa de ocupação de leitos subisse. Com a reunificação da Região Metropolitana, passa a ser considerada, agora, uma taxa de ocupação de leitos de UTI única para todas essas regiões e a capital paulista.

Fase verde: aumento de horários e ocupações

Na fase verde, setores de serviço e consumos podem funcionar com uma taxa de ocupação maior e por mais horas. Shoppings centers, galerias e estabelecimentos comerciais em geral podem funcionar com 60% da capacidade e por 12 horas.

Bares e restaurantes também devem obedecer à taxa de 60% da ocupação e poderão ficar abertos para consumo local até as 23h, tendo que interromper os serviços uma hora antes, às 22h.

Salões de beleza e academias também ficam autorizados a funcionar com 60% de lotação, sempre obedecendo os protocolos específicos de higiene e distanciamento de cada setor.

Na capital paulista, de acordo com o prefeito Bruno Covas (PSDB), a abertura de parques e de espaços abertos, como a Avenida Paulista, ainda não acontecerá aos fins de semana. "Vamos aguardar mais 15 dias para avaliar como vai ser a evolução da pandemia", disse.

Covas argumentou que, nesses espaços, é difícil conter a aglomeração de pessoas. "Na Avenida Paulista, então, [é] ainda mais complicado", afirmou, mencionando a existência de "inúmeros pontos de entrada e saída" para a rua.

Escolas devem ser autorizadas a receber mais alunos

Além disso, o avanço de 76% da população do estado para a fase verde deve permitir que escolas públicas e particulares passem a receber diariamente até 70% dos alunos. Para isso, é preciso que pelo menos 60% da população do estado permaneça na etapa verde por 14 dias consecutivos. Até hoje, a autorização do estado era para que as escolas funcionem recebendo até 35% dos estudantes.

Cabe a cada município, no entanto, autorizar o retorno presencial das aulas e atividades escolares. Além disso, cada rede de ensino pode estabelecer normas mais restritivas do que as condicionadas pelo estado, a depender da sua condição e também do diálogo com a comunidade escolar.

Outros tipos de atividade que causem aglomeração, como festas e baladas, não serão permitidos mesmo na fase verde. "Vamos dar um passo além na retomada de atividades, e isso requer ainda mais responsabilidade de todos nós", disse a secretária de desenvolvimento econômico, Patrícia Ellen.

Além de especificar as atividades liberadas na fase verde, Doria informou hoje que, nas regiões que permanecem na fase amarela, o funcionamento de estabelecimentos comerciais, shoppings e salões de beleza poderá ser estendido de 8 para 10 horas.

Fase azul: dependência de vacina

José Medina explicou que os critérios da fase azul, a menos restritiva, ainda estão sendo ajustados. Ele adiantou, porém, que para entrar nesse estágio, a existência de uma vacina será fundamental.

"Um dos critérios [para a fase azul] é a se houver a disponibilização da vacina, e outro é se tivermos um número bem baixo, semelhante ao da gripe H1N1, com repercussão muito pequena para a sociedade e pode voltar as atividades da sociedade. Então precisamos continuar o cuidado, continuemos de quarentena, independentemente da fase que estamos, até alcançarmos a fase azul", disse Medina.

João Doria lembrou que São Paulo está sediando testes da Coronavac, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, e disse que participará de uma nova reunião com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para ter definições sobre os próximos passos dessa e de outras vacinas testadas no Brasil.

"Temos sim um plano prioritário de seguir com o Ministério da Saúde com o plano nacional de imunização, e que o ministério faça o que sempre fez, aquisição e distribuição da vacina", disse ele. "Esse é nosso desejo, essa é a forma correta, ética, republicana e é a que eu desejo e espero que seja seguida pelo ministério."

Doria afirmou que houve uma reunião ontem com representantes do governo paulista e do Ministério da Saúde, em Brasília. De acordo com o governador, haverá outra, no dia 21, com a presença dele e do ministro Eduardo Pazuello, em que deve ocorrer "uma decisão final e definitiva".

"Pretendemos ter uma posição final e definitiva do Ministério da Saúde, em relação aos dois temas: ao investimento na fábrica do Burantã, que já houve uma promessa no valor de R$ 92 milhões do Ministério da Saúde para a fábrica, cujas obras começam agora em novembro, independentemente desses recursos. Nós fizemos a captação de R$ 130 milhões no setor privado. E principalmente sobre aquisição da vacina", afirmou.

Quarentena há seis meses

A cidade de São Paulo estava na fase amarela desde o fim de junho e está há mais de seis meses de quarentena. Para avançar de fase, são levados em consideração os números de internações e de mortes por semana.

A última classificação das regiões do estado no Plano São Paulo havia sido feita em 11 de setembro. A próxima avaliação será em 16 de novembro, segundo o governo.