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Sete meses após a 1ª, Brasil chega a 150 mil mortes pelo coronavírus

Do UOL, em São Paulo

10/10/2020 14h12Atualizada em 10/10/2020 18h58

Com as 331 mortes registradas desde as 20h de ontem, o Brasil chegou hoje aos 150 mil óbitos causados pelo coronavírus, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte.

Ao todo, o país contabiliza — até as 14h12 de hoje — 150.023 mortos pela covid-19, sendo o segundo no mundo com mais vítimas, atrás apenas dos Estados Unidos (213.954). Os dados são do balanço da Universidade Johns Hopkins.

Já o número de casos foi a 5.073.483, com 16.293 diagnósticos positivos confirmados desde as 20h de ontem. Só os EUA (7,6 milhões) e a Índia (6,9 milhões) têm mais infectados que o Brasil.

No final da tarde de hoje, o Ministério da Saúde divulgou que o país chegou a 150.198 óbitos registrados desde o início da pandemia. Desde ontem, de acordo com o levantamento do governo federal, foram 26.749 novos diagnósticos, totalizando 5.082.637 casos por todo o país.

País vive "platô elevado"

Após o primeiro caso, em 26 de fevereiro, e a primeira morte, em 16 de março, o Brasil viu os números crescerem até superarem um platô de mil mortes diárias por quase dois meses, que começou a ceder em agosto (932) e setembro (752), de acordo com números do Ministério da Saúde.

Mas especialistas acreditam que o país atravessa um momento de platô com números ainda considerados altos, diferentemente dos países europeus e asiáticos, que, após alcançarem o auge da pandemia, viram uma queda mais drástica nos contágios e mortes.

"Chegamos a ter 55 mil casos por dia, mas continuamos com 27 mil. Sim, é possível dizer que caiu mais de 50%, mas é como se você descesse do Himalaia para os Alpes, quer dizer, você continua na montanha", explicou à AFP José David Urbaez, pesquisador da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

"Depois das mortes caírem para 600, ainda haverá um caminho enorme pela frente, com muitas perdas", completou.

Sem plano nacional

Esse platô elevado coincide com a reabertura de atividades não essenciais, que, segundo os especialistas, está sendo feita sem coordenação nacional nem vigilância epidemiológica adequada, o que ainda se soma ao não cumprimento pela população das medidas preventivas.

"O comércio e algumas indústrias são importantes, mas isso deveria ser feito com muito cuidado. A gente observa que, infelizmente, o Brasil não tem uma coordenação nacional de procedimentos dessa retomada", disse à AFP o pesquisador Christovam Barcellos, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz ).

Desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem batido de frente com governadores e prefeitos, que têm autonomia para decidir sobre políticas relativas à pandemia. Bolsonaro rejeitou a gravidade da covid-19 e apoiou o retorno à normalidade para evitar o colapso da economia, aparecendo sem máscara em atos oficiais ou ao lado de admiradores.

Essa imagem do presidente, que contraiu a covid-19 em julho, "é terrível para que possamos ter uma ideia unificada do que é a pandemia no Brasil", lamentou Barcellos.

Veículos se unem pela informação

Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de covid-19, os veículos de comunicação UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa para buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades da Federação.

O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes recentes de autoridades e do próprio presidente colocam em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão.

(Com AFP)