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Dino critica "guerra de vacinas": Bolsonaro não gosta da China nem do Doria

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), diz que é preciso uma coordenação nacional em relação à vacinação - Kleyton Amorim/UOL
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), diz que é preciso uma coordenação nacional em relação à vacinação Imagem: Kleyton Amorim/UOL

Do UOL, em São Paulo

19/10/2020 13h52

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), criticou hoje o que chamou de "guerra das vacinas" entre o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP).

A declaração pelo Twitter ocorre em meio à discussão entre Bolsonaro e Doria relacionada à possibilidade de vacinação obrigatória para controlar a pandemia do novo coronavírus e o desenvolvimento da CoronaVac, apoiada pelo governo de São Paulo e testada pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.

"Não é hora de promover uma "guerra das vacinas" contra o coronavírus. É urgente que haja responsabilidade, diálogo e coordenação nacional. Bolsonaro não gosta da China nem de Dória, mas em primeiro lugar deve estar a saúde da população", escreveu Dino.

Na última sexta-feira (16), Doria disse que a vacinação contra a covid-19 será obrigatória em todo o estado se for aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). No mesmo dia, Bolsonaro disse nas redes sociais que o ministério da Saúde é quem irá oferecer o imunizante, mas "sem impor ou tornar a vacinação obrigatória".

Hoje, além de reafirmar sua posição dizendo que "Doria se intitula médico do Brasil", Bolsonaro ainda afirmou que a vacina CoronaVac precisa ter comprovação científica e criticou a China, novamente sem fazer uma menção direta.

"O país que está oferecendo essa vacina tem que primeiro vacinar em massa os seus, depois oferecer para outros países. Assim muita coisa é. Até na área militar, você só consegue vender um produto bélico para outro país depois que você usar no seu território e aquilo mostrar sua eficácia", disse o presidente.

Embora sustente que a vacina tem que ter comprovação científica, o presidente defende há meses o uso da hidroxicloroquina contra a covid-19, que, segundo estudos, não é eficaz. Na semana passada, a OMS (Organização Mundial da Saúde) publicou um estudo em que afirma que os remédios remdesivir e cloroquina/hidroxicloroquina não funcionam no tratamento contra o coronavírus.

Coordenação nacional

Em vídeo publicado também em seu perfil de Twitter, Flávio Dino ainda fez um alerta para a necessidade de um acerto na coordenação nacional para o momento em que vacinas forem autorizadas.

"Faço um alerta sobre este desacerto de coordenação nacional que está se verificando no tema das vacinas. É um alerta que faço como lealdade para evitar crises desnecessárias entre paternidades, a sociedade quer ter a vacina, venha de onde vier, pouco importa a cor do gato, importante que ele mate o rato", disse.

Vacina "politizada"

Na semana passada, Doria voltou a acusar Bolsonaro de "politizar" a vacina. Os ataques vêm diante da ameaça da falta de acordo entre o governo paulista e o ministério da Saúde para que a CoronaVac possa ser distribuída em outros estados pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A definição, segundo Doria, se dará em uma reunião na quarta-feira (21).

O governo de São Paulo anuncia hoje que a CoronaVac se mostrou segura também em testes com 9 mil voluntários brasileiros, reafirmando os resultados de pesquisa anterior com 50 mil participantes chineses. Os dados de eficácia, porém, devem ser divulgados somente entre novembro e dezembro, o que deve atrasar a previsão do governador de iniciar a imunização ainda neste ano.

* Com informações de Estadão Conteúdo