Topo

Esse conteúdo é antigo

Estados têm recurso para comprar a CoronaVac, diz Mourão

O vice-presidente Hamilton Mourão fala à imprensa no Palácio do Planalto, em Brasília - Cláudio Marques/Futura Press/Estadão Conteúdo
O vice-presidente Hamilton Mourão fala à imprensa no Palácio do Planalto, em Brasília Imagem: Cláudio Marques/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

22/10/2020 14h38

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou hoje que os estados têm recurso e podem comprar a CoronaVac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo.

"Qualquer vacina que esteja comprovadamente testada e certificada pela Anvisa estará a disposição para ser adquirida. Todo mundo pode comprar, os estados têm recurso".

No início da semana, o Ministério da Saúde havia anunciado um investimento de R$ 2,6 bilhões para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, mas o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desautorizou a decisão do ministro Eduardo Pazuello sobre a aquisição das doses.

Mais cedo, em suas redes sociais, o presidente já havia exposto sua insatisfação com a repercussão das negociações referentes ao acordo mediado pelo ministro Pazuello para compra da CoronaVac. Bolsonaro recebeu várias críticas de apoiadores — alguns se disseram "traídos" — e mensagens que pediam que ele não adquirisse vacina produzida por uma "ditadura comunista". Em resposta, disse que não compraria a "vacina chinesa de João Doria" e que o povo brasileiro não seria "cobaia".

Após reclamação de Bolsonaro na internet, o secretário-executivo do ministério, Élcio Franco, negou qualquer acordo com o governo de São Paulo e disse que o que houve foi um "protocolo de intenção" assinado com o Instituto Butantan. Reforçou que o governo não comprará vacinas vindas da China.

O ofício, assinado pelo ministro da Saúde, porém, confirmava a intenção de compra, desde que a vacina fosse autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), como qualquer outro imunizante.

A decisão do presidente repercutiu negativamente. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pediu grandeza em relação à polêmica envolvendo a vacina CoronaVac e disse que a "guerra" precisa ser contra o novo coronavírus. "Aproveito para pedir ao presidente que tenha grandeza e lidere o Brasil na saúde, na retomada de empregos... A nossa guerra é contra o vírus, não na política e não um contra o outro. Devemos vencer o vírus".

Outros governadores também criticaram Bolsonaro por desautorizar a compra da CoronaVac. "Será que ele não quer jogar War ou videogame com [Donald] Trump? Enquanto jogasse, ele não atrapalharia os que querem tratar com seriedade os problemas da população", chegou a dizer Flávio Dino (PCdoB).

Governadores querem acionar o STF

O governador João Doria disse que a intenção dos governadores é esperar ao menos até amanhã (23) para tomar uma medida sobre a decisão do presidente Bolsonaro de mandar cancelar a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac.

Doria comentou sobre uma possível judicialização da questão e não descartou acionar o STF (Supremo Tribunal Federal). "Vamos esperar pelo menos 48 horas. Se até sexta-feira não houver nenhuma medida de recuo por parte do governo federal para fazer aquilo que deve fazer, apoiar as vacinas, inclusive a vacina do [Instituto] Butantan, que é a vacina do Brasil, nós saberemos quais medidas poderão ser adotadas, seja por São Paulo, seja pelos governadores", disse Doria a jornalistas na saída do STF, em Brasília.