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'Brasileiro não quer ver Anvisa em discussões políticas', diz presidente

Antônio Barra Torres, presidente da Anvisa, afirma que a entidade não deve entrar em discussões políticas sobre a vacina contra a covid-19 - Pedro França/Agência Senado
Antônio Barra Torres, presidente da Anvisa, afirma que a entidade não deve entrar em discussões políticas sobre a vacina contra a covid-19 Imagem: Pedro França/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

28/10/2020 19h18

O presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres, disse hoje que a população brasileira não quer ver a entidade em discussões políticas. O tema foi abordado, durante entrevista à CNN Brasil, porque tem sido frequente o confronto entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), sobre a compra e regulação da CoronaVac, vacina contra o coronavírus do laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.

"Neste momento o que o cidadão brasileiro não quer é ver a Anvisa em discussões políticas. Nós não somos cientistas políticos, não somos comentaristas políticos e já temos atividades com a atividade reguladora. Por isso temos ficamos a margem de prestar qualquer declaração de cunho político, acho que isso somaria a uma intranquilidade ao povo brasileiro desnecessária neste momento", afirmou Torres à emissora.

Hoje, a Anvisa autorizou a importação de matéria-prima da China para o início da produção local da CoronaVac. O pedido havia sido feito em 23 de setembro pelo Butantan, que tem a previsão de fabricar 40 milhões de doses em sua fábrica em São Paulo.

Torres explicou que a autorização de hoje não tem impacto sobre vacinas já prontas, contemplando apenas a produção de imunizantes no Brasil. "Na semana passada, nós demos a anuência para a importação e internalização no Brasil de 6 milhões de doses já prontas. Esta é uma situação completamente diferente. No dia de hoje a autorização dada refere-se à matéria-prima que será utilizada aqui no Brasil na produção vacinal. Isso que autorizamos hoje não contempla vacinas já prontas."

Mais cedo, durante a entrevista coletiva do Governo do Estado de São Paulo, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, havia cobrado o órgão federal, dizendo que o atraso de mais de um mês impactaria na produção.

"Foi solicitado para a Anvisa, em 23 de setembro, a autorização para importação da matéria-prima da China. Ainda não saiu. Esse atraso pode ter efeito na produção da vacina. Cada dia que aguardamos é um dia a menos de vacina", afirmou Covas.

Sobre a demora na aprovação, Torres, explicou que "os expedientes para análise deram entrada no dia 23 de setembro, a data de entrada é importante, mas não é o mais importante, porque ocorre análise e a observação de eventuais discrepâncias".

"As discrepâncias já atendidas deram entrada no dia 22 de outubro e depois foram complementadas durante o dia 23. Do dia 23 até o dia 28 é um tempo bastante razoável, porque na interlocução com os institutos desenvolvedores, seja este que estamos falando ou qualquer outro, estas discrepâncias são enviadas, são respondidas, e eventualmente ocorre alguma dúvida residual para que no final possamos ter a tranquilidade e a segurança de dizer: 'agora sim, agora podemos anuir'", esclareceu o presidente da Anvisa.