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Dimas critica comunicação com Anvisa pela imprensa e pede 'transparência'

Allan Brito e Rafael Bragança

Do UOL, em São Paulo e Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/11/2020 14h03

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, voltou a criticar hoje a comunicação entre a instituição paulista e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que foi responsável por suspender temporariamente os testes clínicos da vacina CoronaVac na última segunda-feira (9). Dimas afirmou que a comunicação com o órgão federal não deveria acontecer pela imprensa e pediu "transparência" à agência.

"Não podemos nos comunicar por comunicados de imprensa. Esperamos transparência de ambas as partes", disse Dimas durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.

A retomada dos testes da CoronaVac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, foi autorizada pela Anvisa na manhã de ontem. Assim, os estudos de fase 3 ficaram suspensos por dois dias. No dia do anúncio da suspensão dos testes pela Anvisa, o Butantan se disse surpreso e que ficou sabendo da notícia pela imprensa.

O motivo da suspensão foi a morte de um voluntário que participava dos estudos, tratada como um "evento adverso grave" pela Anvisa. Segundo o Butantan, porém, o óbito não teve relação com os testes, e isso foi comunicado à Anvisa. O UOL apurou que a morte ocorreu em 29 de outubro e é tratada pela Polícia Civil como suicídio.

"[Foi uma] intervenção da Anvisa sem perguntar", afirmou Dimas. "Se tinha dúvidas, podia ter esclarecido sem suspender os estudos. Também questiono a forma como foi feito. Tomamos conhecimento pela mídia. Podemos ter um diálogo melhor de ambas partes. O estudo é totalmente aberto para a Anvisa", completou o diretor do Butantan.

Dimas relatou que a continuidade dos estudos foi definida em uma reunião técnica com a Anvisa na noite de anteontem.

"Na terça à noite tivemos uma reunião técnica para esclarecer todas as dúvidas. E o fruto dessa reunião foi a autorização para a continuidade dos estudos. Temos ainda processos em andamento na Anvisa e esse relacionamento tem que ser estreitado", disse Dimas, em tom conciliatório.