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OPINIÃO

Schelp: Doria não pode prometer vacina sem nem garantia de quando ela sairá

Do UOL, em São Paulo

04/12/2020 04h00

Sem apresentar nenhum plano concreto, o governador de São Paulo João Doria (PSDB) aproveitou entrevista coletiva ontem no Palácio dos Bandeirantes para criticar a previsão anunciada pelo Ministério da Saúde de iniciar a vacinação contra a covid-19 em março do ano que vem.

"Em São Paulo, de forma responsável, seguindo a lei, nós, no próximo mês, cumprindo o protocolo com a Anvisa, obedecendo princípios de proteção à vida, vamos iniciar a imunização dos brasileiros de São Paulo em janeiro. Não vamos aguardar março", prometeu o governador

Na avaliação do colunista do UOL, Diogo Schelp, Doria volta a falar de vacinação contra a covid-19 com palavras vazias e sem planos. "[O governador] "nem sequer pode prometer algo que ele não tem nem garantia que vá ser aprovado em tempo hábil". (Ouça a partir do minuto 5:46)

A declaração foi dada hoje no podcast Baixo Clero #68, apresentado por Carla Bigatto e com a participação da também colunistas do UOL Maria Carolina Trevisan.

"A gente tem aí dois lados, um governo sem transparência com o que pretende fazer em relação à vacina, prometendo uma vacina para março — o que, de fato, é frustrante, considerando que, na Inglaterra, por exemplo, já está prevista a vacinação a partir da semana que vem. E do outro lado o Doria, temos o governador do estado de São Paulo politizando a vacina, prometendo coisas com palavras vazias, porque não apresentou nenhum plano sobre o que seria essa vacinação em janeiro, prometendo apresentar esse plano na segunda-feira, mas a vacina nem sequer foi aprovada pela Anvisa ainda.", disse Schelp. (Ouça a partir do minuto 5:46)

Schelp ainda falou que declaração do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre o prazo da vacina é realmente plausível de crítica, mas que não deve vir de Doria.

"Tem toda uma discussão aí: o Pazuello falou de três opções, não deixou claro qual delas seria. Março parece realmente distante. O Doria fez uma crítica em relação a isso", pontuou.

"Apesar da crítica ser, de fato, plausível, talvez ela não devesse sair da boca do Doria, porque o Doria já se tornou especialista em pegar frases do governo, ou do [presidente Jair] Bolsonaro, e dizer o contrário ou usar aquilo para espezinhar o governo", completou. (Ouça a partir do minuto 4:35)

Maria Carolina Trevisan, por sua vez, ainda falou que não dá para confiar em suposto plano de vacinação de Doria.

"Não dá para confiar. Ele tem feito disso um método. Ele faz a promessa, chama a imprensa, anuncia algo que tem poucas novidades. Nessa coletiva, específica de quinta-feira, não tinha novidade nenhuma, e ele fica criando situações para ter notícia positiva para ele mesmo, quando de fato a gente precisa conversar sobre detalhes da vacinação que não estão nem claros", disse Trevisan. (Ouça a partir do minuto 2:30)

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