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Pfizer estima que 2 milhões de brasileiros podem ser vacinados até março

Brasil poderia receber 2 milhões de doses da vacina contra covid-19 da Pfizer até março caso conclua compra  - Divulgação
Brasil poderia receber 2 milhões de doses da vacina contra covid-19 da Pfizer até março caso conclua compra Imagem: Divulgação

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

08/12/2020 15h36Atualizada em 08/12/2020 17h41

O presidente da Pfizer Brasil, Carlos Murillo, afirmou hoje estimar que 2 milhões de brasileiros podem ser vacinados com o imunizante da empresa até março de 2021. No entanto, o número estimado depende da oficialização do acordo do governo federal com a Pfizer e de tratativas com o Ministério da Saúde, além de autorizações, como a da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a liberação da vacina no Brasil.

Segundo o representante, o governo brasileiro e a Pfizer estão avançando nas tratativas de intenção de compra de até 70 milhões de doses da vacina contra a covid-19 com a previsão de um memorando ser assinado ainda nesta semana. A fala segue a linha de nota divulgada ontem pelo Ministério da Saúde em que a pasta anunciou a negociação. O contrato final seria assinado somente após a autorização da Anvisa, conforme estabelece a jurisdição brasileira, informou Murillo.

A resposta foi dada ao ser questionado por um deputado federal sobre o quantitativo de doses que o país poderia receber em janeiro e fevereiro se hoje já houvesse todas as autorizações necessárias. Murillo então disse não ter a informação e afirmou que a Pfizer trabalha de acordo com trimestres. Quando questionado para o primeiro trimestre, disse então que poderiam ser vacinados dois milhões de brasileiros, ressaltando as variáveis em aberto.

O presidente da Pfizer falou não haver mais condições de a empresa entregar doses da vacina ao Brasil em dezembro, mas o objetivo seria iniciar o fornecimento em janeiro. Quantitativos e cronograma ainda têm que ser definidos com o Ministério da Saúde.

"Para o primeiro trimestre, acho que podemos começar a vacinar, pelo menos, um par de milhões de brasileiros", afirmou, ao reforçar, porém, depender do tempo de autorizações e de negociações com o governo federal.

A declaração foi dada em audiência sobre a situação da vacina da Pfizer e a possibilidade de compra dela pelo governo brasileiro promovida pela comissão da Câmara que acompanha ações relacionadas à pandemia da covid-19.

A Pfizer mantém contato com a Anvisa para o registro da vacina e deve buscar uma autorização de uso emergencial para começar a vacinação da forma mais breve possível. O Reino Unido começou a vacinar sua população com a vacina da empresa hoje.

"O concreto é que a oferta da Pfizer é de 70 milhões, com quantitativo que vai começando apenas depois de sair o registro da Anvisa, que pode ser em janeiro, e vamos aumentando esse quantitativo à medida que transcorrer o ano", afirmou o presidente da Pfizer Brasil.

Carlos Murillo falou ainda que, pelo Brasil ainda não ter assinado a compra, embora esteja próximo do ato, o cronograma desejado pelo país pode ser comprometido.

"Alguns países assinaram tempos atrás e por isso já estão começando a vacinar. No Brasil, acho que estamos perto, vamos conseguir, mas ainda não assinamos. Cria obviamente uma limitação de segurança da disponibilidade de doses."

Houve avanços em conservação e transporte da vacina, defende Pfizer

Na audiência, Carlos Murillo afirmou que a Pfizer desenvolveu um contêiner que pode armazenar caixas com frascos da vacina a uma temperatura controlada por 30 dias, levando em consideração troca de gelo seco.

O imunizante da Pfizer precisa ser armazenado em uma temperatura de -70ºC. Em princípio, isso inviabilizaria o uso dela, porque o Ministério da Saúde informou que as vacinas a serem incluídas no Plano Nacional de Imunização devem ser termoestáveis com condições de ficarem armazenadas em temperaturas de 2°C a 8°C. Na época do anúncio, a pasta não citou laboratórios que poderiam ficar de fora.

Após esse período de 30 dias, a vacina pode ser armazenada em um refrigerador comum por 5 dias, disse o presidente da Pfizer. Doses podem ser retiradas aos poucos das caixas e, a partir deste momento, também têm até 5 dias de conservação em refrigerador comum. No manuseio, porém, as caixas precisam ser fechadas em até dois minutos para manterem a temperatura ideal dos imunizantes.

A intenção da Pfizer é que as vacinas sejam entregues diretamente a pontos ou centros de vacinação. A maneira como isso vai ser feito ainda precisa ser negociado com o governo federal. A empresa disse trabalhar para começar a vacinação quase que imediatamente após a aprovação da vacina pela Anvisa.

A aplicação da vacina é intramuscular e cada frasco contém cinco doses, afirmou a diretora médica da Pfizer Brasil, Márjori Dulcine. A 2ª dose da vacina é aplicada 21 dias após a 1ª. O custo médio por dose não foi revelado por acordos de confidencialidade e pelas tratativas com o governo federal estar em andamento.

Autorização mais rápida por meio de lei

O presidente da comissão, deputado e médico Luiz Antonio Teixeira Jr (PP-RJ), lembrou que o Congresso Nacional aprovou lei que dá prazo de 72 horas para a Anvisa autorizar, de forma excepcional, a importação e distribuição de remédios e produtos médico-hospitalares considerados essenciais ao combate do coronavírus sem registro prévio no Brasil, mas autorizados por entidades estrangeiras determinadas.

Entre as entidades estão a FDA (Food and Drug Administration), dos Estados Unidos, e a EMA (European Medicines Agency), da União Europeia. Para o deputado, a lei pode ser uma maneira de se autorizar mais rapidamente a liberação da vacina no Brasil.

Carlos Murillo estima que a FDA deve conceder autorização de uso emergencial à vacina nos Estados Unidos ainda nesta semana ou no começo da próxima. Marjorie Dulcine afirmou que a autorização pela EMA pode acontecer no final de dezembro ou em janeiro.

Uma corrida pelos estados e municípios em busca da vacina foi citada com preocupação por parlamentares na audiência. O presidente da Pfizer afirmou que a intenção da empresa é negociar o fornecimento da vacina com o governo federal.

Hoje o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, se reuniu com governadores de todo o país para fazer um balanço sobre o enfrentamento à covid-19 no Brasil e tratar sobre a compra de vacinas.

Um dia depois de o governador de São Paulo, João Doria, anunciar que haverá um Plano Estadual de Imunizações, o ministro rejeitou a possibilidade e disse que a vacinação será nacional.