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Anvisa diz que não houve pedido de uso emergencial de vacina no Brasil

O gerente geral de medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes - Reprodução/Globonews
O gerente geral de medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes Imagem: Reprodução/Globonews

Do UOL, em São Paulo

12/12/2020 13h38Atualizada em 12/12/2020 16h30

O gerente geral de medicamentos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Gustavo Mendes, disse hoje que a liberação do uso emergencial da vacina contra a covid-19 produzida pelas companhias farmacêuticas Pfizer e BioNTech nos Estados Unidos não garante aprovação automática no Brasil.

Em entrevista à Globonews, ele lembrou que nenhum pedido de autorização de uso emergencial de nenhuma empresa foi feito até o momento. "Não há como a Anvisa se posicionar quanto a isso ou dar uma autorização emergencial para uma vacina que não solicitou e essa é uma demanda feita pelas próprias empresas", explicou.

Ao UOL, a Pfizer informou que "segue nas negociações finais com o governo e ainda não deu entrada no pedido de uso emergencial junto à Anvisa".

Outra questão que perguntam muito para gente é 'autorizou lá nos Estados Unidos, seria uma autorização automática aqui pela Anvisa?' Um ponto que é muito importante esclarecer é que existem questões que a Anvisa precisa avaliar e que são cruciais. (...) Por isso é fundamental que a Anvisa receba essa informação e avalie para verificar se a gente está falando que a mesma vacina que mostrou resultados bons de eficácia e segurança é a mesma que vai ser aplicada aqui no Brasil Gustavo Mendes, gerente geral de medicamentos da Anvisa

Mendes lembrou que autorização de uso emergencial ainda não é registrou, ou seja, a vacina ainda está em avaliação e a empresa deve observar a ocorrência de eventuais reações adversas em pacientes, coletar e reportar esses dados para as agências reguladoras.

Nesta semana, a Anvisa aprovou regras que autorizam o uso emergencial e em caráter experimental de vacinas contra o novo coronavírus. Isso significa que a agência poderá analisar pedidos de laboratórios e conceder ou não autorização temporária para aplicação de doses. "A palavra na Anvisa tem sido agilidade sem abrir mão de qualquer critério de segurança ou de eficácia das vacinas", destacou ele sobre o processo.

Questionado sobre como lidar com a pressão e a polarização da vacina, Mendes reforçou o papel técnico da instituição. "Nossa missão é muito valiosa para garantir a saúde da população. Não podemos aprovar uma vacina que a gente não sabe que riscos vai causar, se tem a mesma qualidade das vacinas do exterior. Por isso é fundamental que a agência tenha seu papel claro", disse.

Questionado se é viável cumprir a análise em 72 horas, Mendes disse que a agência tem buscado não comentar a lei ou falar de prazos porque tudo depende do "pacote que vier", ressaltando que análise de uma vacina é muito complexa.

"A gente vai ter que entender o quanto a gente vai aproveitar de análise do exterior para a nossa análise (...) A lei é para ser cumprida. O que a gente pretende fazer quando receber o pedido é deixar transparente sobre o que a gente precisa analisar, quão complexa é essa análise para poder deixar muito claro para a sociedade o que a gente vai fazer e quanto tempo vai levar", afirmou.