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Moraes: Hipócrita ser contra uma vacina e correr atrás de outra para viajar

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

17/12/2020 21h00Atualizada em 17/12/2020 21h00

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes afirmou hoje que as críticas às vacinas contra a covid-19 são baseadas em "obscurantistmo" e disse identificar "hipocrisia" nos críticos ao imunizante contra o coronavírus que, no entanto, se submetem à vacinação contra a febre amarela para fazer turismo no exterior.

"Lamentavelmente vemos as discussões se aflorarem com muita hipocrisia, em discursos absolutamente radicais onde muitas pessoas se exaltam contra vacinas, se escondendo nesse discurso radical, ideológico, obscurantista, dizendo que isso acaba interferindo naquela liberdade ampla total e irrestrita do indivíduo de fazer o que bem entenda", disse o ministro.

"São as mesmas pessoas que não se importam em correr pra tomar vacina de febre amarela, se submeter sem qualquer reclamação a revistas pessoais ou scanners em aeroportos e viajar ao exterior e ir a paraísos exóticos
Alexandre de Moraes, ministro do STF

O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, em julgamento hoje, que o Estado pode determinar a obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19. Porém fica proibido o uso da força para exigir a vacinação, ainda que possam ser aplicadas restrições a direitos de quem recusar a imunização.

Dez ministros foram favoráveis a obrigatoriedade da vacinação, que poderá ser determinada pelo governo federal, estados ou municípios. As penalidades a quem não cumprir a obrigação deverão ser definidas em lei.

Apenas Nunes Marques apresentou um voto divergente no julgamento, restringindo a possibilidade da vacinação compulsória. Apesar de reconhecer a possibilidade de a vacinação ser obrigatória, o ministro defendeu que a imunização fosse adotada só como "última medida", após aval do Ministério da Saúde e a realização de uma campanha de vacinação voluntária.

Marques foi indicado neste ano ao STF pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que é contra a obrigatoriedade da vacina da covid-19 e já afirmou que não vai tomá-la.

Nenhuma das vacinas desenvolvidas contra a covid no mundo teve ainda o uso aprovado no Brasil. O governo federal apresentou um plano nacional de imunização ontem, mas sem definição do início da vacinação. Hoje o ministro Eduardo Pazuello (Saúde) afirmou que o país vai receber 24,7 milhões de doses a partir de janeiro.

O ministro Ricardo Lewandowski, relator das ações dos dois partidos, defendeu que ninguém pode ser forçado fisicamente a se vacinar, mas que podem ser impostas restrições aos que recusarem a imunização, como a proibição de acessar determinados locais ou de exercer algumas atividades.