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Sem contratos, Pazuello prevê 24,7 mi de vacina e fala em vanguarda

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

17/12/2020 13h02Atualizada em 17/12/2020 15h34

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, voltou a citar uma combinação de fatores para dizer hoje que o Brasil poderá ter, em janeiro, 24,7 milhões de doses disponíveis de vacinas contra a covid-19.

Até agora, o país ainda não assinou contrato de compra com nenhuma empresa ou laboratório que produza os imunizantes — apenas de intenção —, e nesta quinta (17) o Ministério da Saúde reafirmou que não há data definida para o início da vacinação em território nacional.

Segundo Pazuello, atingir 24,7 milhões de doses só será possível caso os três principais laboratórios parceiros do ministério efetivem os acordos de compra, registrem suas vacinas na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e garantam a disponibilidade de entrega dos imunizantes.

Estamos falando, em janeiro, de 500 mil doses da Pfizer, 9 milhões de doses do Butantan e 15 milhões a AstraZeneca. A data exata é o mês de janeiro. Pode ser 18, 20 de janeiro. Mas se nós pudermos compreender que o processo vai nos dar a data (...) já nos dá um novo desenho. Isso tudo dependendo do registro da Anvisa"
Eduardo Pazuello, ministro da Saúde

Segundo o ministério, o general arredondou a conta em sua fala, e a expectativa o governo federal é que:

  • Em janeiro, a AstraZeneca/Fiocruz entregue 15,2 milhões de doses, chegando assim a um total de 24,7 milhões de doses
  • Em fevereiro: até 37,7 milhões de doses
  • Em março: 31 milhões.

O ministro já havia dito que a vacinação poderia começar em dezembro e deu diferentes datas para o início da imunização. No início desta tarde, o Ministério da Saúde divulgou nota para informar que "não estabeleceu qualquer data para o início da vacinação" no país. Ontem, Pazuello falou que a previsão é "meados de fevereiro".

O plano nacional de imunização foi divulgado ontem, e hoje, o presidente Jair Bolsonaro assinou MP (Medida Provisória) que libera R$ 20 bilhões para a compra de vacinas, seringas e outros itens a serem usados na campanha de vacinação.

Brasil na "vanguarda"

Durante audiência no Senado sobre o combate à pandemia, o general afirmou ainda que o Brasil está na "vanguarda" do planejamento de vacinação. Porém, enquanto o Brasil ainda não tem data para o início do plano de imunização, países como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido já começaram a vacinação. Hoje, a União Europeia também anunciou que os 27 países do bloco começarão a vacinar a população em 27 de dezembro.

Não estamos atrasados, estamos na vanguarda."
Eduardo Pazuello

"É preciso compreender que o está acontecendo lá fora no mundo, nós estamos na vanguarda. A autorização de uso emergencial da Pfizer americana, a primeira autorização foi na Inglaterra tem 15 dias. Não são três meses. A americana foi agora, na semana passada. Os números são ínfimos em relação à população americana, como é o uso emergencial", declarou Pazuello.

O uso emergencial é aquele que permite a vacinação para grupos específicos e de risco. Já o registro da vacina é quando está liberada a comercialização em clínicas e vacinação para toda a população. Ambos dependem de aval da Anvisa.

As 24,7 milhões de doses anunciadas hoje por Pazuello seriam suficientes para vacinar apenas 12 milhões de pessoas - cada uma recebe duas doses -, cerca de 5,7% da população brasileira, hoje estimada em 210 milhões de pessoas.

Covid em alta no Brasil

Ontem, o Brasil superou a marca de 7 milhões de casos confirmados de covid-19 —o total de infectados subiu para 7.042.695 desde o início da pandemia, com 68.437 novos casos em 24h. Os números seriam ainda maiores, mas o estado de São Paulo enfrentou problemas técnicos e não enviou dados atualizados ao sistema do Ministério da Saúde. O levantamento das informações foi feito pelo consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte.

O número de mortes provocadas pela doença no Brasil em um intervalo de 24 horas é o maior em três meses: houve 968 novos registros, com um total de 183.822 óbitos desde o começo da pandemia. O país não via um marco tão alto desde 15 de setembro, quando foram confirmadas 1.090 mortes.