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Com reinfecções e mutações, Bolsonaro erra ao comparar vírus com vacina

19.dez.2020 - Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em cerimônia de formatura de soldados da PM-RJ - Alexandre Neto/Photopress/Estadão Conteúdo
19.dez.2020 - Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em cerimônia de formatura de soldados da PM-RJ Imagem: Alexandre Neto/Photopress/Estadão Conteúdo

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

23/12/2020 18h12

Com casos registrados de reinfeção causados pelo novo coronavírus no Brasil e por novos casos de mutações do vírus na Europa, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se equivoca ao dizer, nos últimos dias, que seu imunizante é o fato de já ter sido infectado anteriormente.

Em São Francisco do Sul (SC), Bolsonaro voltou a minimizar hoje a eficiência de vacinas contra a covid-19. Em conversa com apoiadores, o presidente afirmou: "Eu tive a melhor vacina: foi o vírus". Em declarações anteriores, Bolsonaro já avisou que não tomaria a vacina por já ter contraído o vírus.

Na semana passada, Bolsonaro voltou a defender que o imunizante não seja obrigatório, já que ainda é "experimental" e criticou a "pressa" pela vacina.

Reinfecção no Brasil

Em 10 de dezembro, o Ministério da Saúde informou que havia pelo menos 58 casos suspeitos de reinfecção por covid-19, e que estão sendo investigados em nove estados. O primeiro registro de reinfecção foi detectado no mesmo dia. Tratava-se de uma médica de 37 anos no Rio Grande do Norte.

A cientista responsável pelo sequenciamento viral que confirmou o primeiro caso de reinfecção, Paola Resende, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), diz acreditar que o caso se trata de uma paciente que não gerou a imunidade necessária para escapar de uma nova infecção em curto espaço.

São Paulo, por sua vez, confirmou o primeiro caso de reinfecção na noite de 16 de dezembro: uma mulher de 41 anos, moradora da cidade de Fernandópolis. Ela desenvolveu a doença em junho, com resultado positivo em exame laboratorial.

A mulher do interior paulista se curou e teve nova detecção de covid-19 em novembro, 145 dias após o primeiro diagnóstico. O caso apresentou todos os critérios estabelecidos em nota técnica do Ministério da Saúde para confirmação de reinfecção.

Mutações

Mutações em vírus são extremamente comuns e ocorrem por conta da ampla disseminação da doença. Há estudos europeus que apontam mais de quatro mil alterações já registradas do novo coronavírus.

Porém, essas duas variações localizadas no Reino Unido e na África do Sul aparentam ter uma maior velocidade de transmissão, apesar de não se saber ainda se há maior letalidade.

O Reino Unido registrou um aumento considerável dos contágios, após um período estável no fim de novembro. Na última semana, o país contabilizou quase 225.000 infecções, o maior número em sete dias desde o início da pandemia.

Segundo a universidade Johns Hopkins, o país registrou 2.116.609 milhões de casos do coronavírus e 68.412 mortes.

Hoje, o secretário de saúde britânico, Matt Hancock, confirmou que o Reino Unido detectou outra nova variante do coronavírus. Segundo ele, ambos os casos são de pessoas infectadas que viajaram à África do Sul nas últimas semanas.

O governo anunciou restrições a todos os voos que chegam da África do Sul, medida que o próprio Reino Unido vem enfrentando de outros países após ter identificado uma primeira variante do coronavírus, com uma capacidade de transmissão 70% maior.

Alguns países, como França, Bélgica, Holanda e República Tcheca reduziram as restrições aos viajantes de territórios britânicos. Alemanha e outros mantiveram as medidas até 6 de janeiro.