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Governador do Amazonas pede prioridade para vacinação contra covid-19

O governador do Amazonas, Wilson Lima, e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello - Divulgação/Secom-AM
O governador do Amazonas, Wilson Lima, e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello Imagem: Divulgação/Secom-AM

Rosiene Carvalho

Colaboração para o UOL, em Manaus

11/01/2021 12h45

O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), pediu prioridade do estado na campanha de vacinação contra a covid-19. A declaração foi dada hoje, em discurso ao lado do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em Manaus.

Faço um apelo ao senhor [Pazuello] e à sua equipe para que o estado do Amazonas neste momento possa ter uma prioridade, no sentido de receber a maior quantidade possível de doses para que a gente possa sobretudo vacinar as pessoas em situação de vulnerabilidade, indígenas, profissionais de saúde, idosos no interior e comunidades distantes."
Wilson Lima, governador do Amazonas

Antes, porém, o ministro já havia afirmado que todos os estados receberão as doses ao mesmo tempo.

Todos os estados receberão simultaneamente as vacinas, no mesmo dia. A vacina vai começar no Dia D, na Hora H no Brasil", falou. "No primeiro dia que chegar a vacina, com a autorização feita da Anvisa, a partir do terceiro dia ou quarto dia estará nos estados e municípios, para iniciar a vacinação do Brasil. A prioridade está dada, é o Brasil todo."
Eduardo Pazuello, ministro da Saúde

Pazuello foi até Manaus para anunciar medidas de enfrentamento ao coronavírus no Amazonas. Segundo Lima, o Ministério da Saúde disponibilizou recursos para a contratação de mais de 1400 profissionais que vão reforçar o atendimento. Ele também agradeceu dizendo que, desde a semana passada, existe uma força-tarefa para garantir mais oxigênio para os hospitais do estado —depois das empresas terem afirmado que não conseguiriam suprir a demanda.

Mas não foram confirmadas, porém, iniciativas imediatas para controlar a escalada de casos e mortes por covid-19 no estado.

"Hoje nós estamos pagando o preço de muitos eventos clandestinos, de aglomerações e festas de fim de ano", afirmou Lima, complementando que "hoje as pessoas estão começando a entender a gravidade da pandemia".

O governador amazonense também falou que "não há comprovação científica" sobre a gravidade ou alguma mutação do vírus que está circulando em Manaus. "Tudo isso está sendo estudado", disse. "É histórico que nesse período chuvoso os casos de síndrome respiratória aguda aumentem consideravelmente. E aí mistura."

O Japão informou que detectou a contaminação pela nova variante do coronavírus em quatro pessoas que saíram do Amazonas.

Sistema de saúde e cemitérios sobrecarregados

Pela segunda vez em oito meses, o sistema de saúde do estado do Amazonas opera com dificuldades por causa da alta de casos e mortes provocados pela covid-19. Após as festas de fim de ano, também houve um aumento no número de enterros, que tende a superar a média diária da primeira onda da doença, em abril do ano passado.

Ontem, o governador disse que as empresas que fornecem oxigênio para os hospitais de Manaus não têm mais estoque suficiente para a demanda exigida.

Na manhã desta segunda-feira (11), 362 pessoas aguardam por leitos no estado, sendo que 46 situação mais grave precisam de transferência para UTIs, que estão lotadas.

No fim de semana, famílias e amigos de pacientes se mobilizaram para alugar respiradores e levá-los aos hospitais públicos e privados e se depararam com a angústia de não conseguirem.

O plantão do TJ-AM (Tribunal de Justiça do Amazonas) atendeu a uma série de pedidos para obrigar o estado a ofertar leitos clínicos e de UTIs a pacientes de Manaus, além de garantir transferência para doentes que estão em situação mais crítica no interior do estado —que apresenta condição ainda mais precária que a capital.

As decisões determinaram que o estado tomasse providências, obedecendo ao critério de decisão dos médicos e a lista de espera por leitos.

Paralelo a isso, funcionários da saúde e familiares reclamam que pacientes estão sendo atendidos no chão dos hospitais e há congestionamento de ambulâncias que não conseguem leitos para os doentes transportados pelo Samu.

A superlotação das unidades de saúde e a falta de atendimento pressionou os cemitérios. A Prefeitura de Manaus teve de abrir um novo espaço para enterrar corpos e planeja sepultamentos verticais, pois já previsão de esgotamento rápido desta nova área.

Na primeira onda, Manaus foi a única cidade do mundo a realizar enterros em valas comuns.

Ontem, foram registrados 144 sepultamentos em Manaus, sendo 62 óbitos por causa da covid-19. O pico de enterros na capital amazonense ocorreu no dia 26 de abril do ano passado, com 161 sepultamentos num só dia.

Vinte e sete pessoas morreram em casa e foram levadas direto para o cemitério. A prefeitura não divulga a causa das demais mortes que não tenham confirmação de covid-19.

O espaço aberto pela prefeitura dispunha de mil vagas na sexta. A média diárias de enterros tem sido maior que cem.