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Após críticas sobre CoronaVac, Doria pede 'fim da politização' da vacina

João Doria (PSDB) disse que é preciso interromper politização sobre a vacina  - Divulgação
João Doria (PSDB) disse que é preciso interromper politização sobre a vacina Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

13/01/2021 12h02

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), escreveu uma mensagem no Twitter hoje pedindo o fim da politização e início da vacinação contra covid-19.

A declaração ocorre em meio a críticas à comunicação do governo de São Paulo e do Instituto Butantan em relação à eficácia da CoronaVac. Os resultados foram divulgados de forma picada, o que gerou cobrança de cientistas e médicos até que dados mais completos, incluindo a taxa de eficácia geral de 50,38%, fossem disponibilizados ontem.

Na postagem, Doria publicou um vídeo com a opinião de especialistas presentes no anúncio destacando a segurança e índices positivos da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.

"Renomados cientistas declararam sua satisfação com a apresentação dos estudos clínicos de segurança e eficácia da vacina do Butantan. O apelo da ciência é pelo fim da politização e início da vacinação", escreveu.

A apresentação de dados mais robustos sobre a fase 3 dos testes ocorreu após críticas de pesquisadores e especialistas em relação à escolha pela divulgação parcial. Na última semana, em entrevista com a presença de João Doria, o instituto divulgou desfechos secundários da vacina, como a proteção de 78% para prevenir casos leves da doença e de 100% para casos graves.

Porém, a taxa de eficácia geral - a que indica o índice de proteção contra a doença - só foi divulgada ontem (50,38%). O resultado engloba todos os grupos analisados nos testes clínicos, e o percentual está acima do mínimo exigido pela Anvisa (50%). Além disso, os 50,38% atendem aos padrões da OMS (Organização Mundial de Saúde).

Bolsonaro x Doria

As críticas à comunicação sobre a eficácia da CoronaVac, embora os resultados tenham sido positivos, foram exploradas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em conversa com apoiadores na manhã de hoje. Em tom irônico, o governante perguntou a um seguidor: "Essa de 50% é uma boa?".

Há meses, Bolsonaro vem levantando dúvidas, sem nenhum indício ou provas, sobre os estudos com a CoronaVac, que foi concebida pelo laboratório chinês Sinovac. O mandatário brasileiro, aliado de primeira hora de Donald Trump, tem acumulado atritos com os chineses desde o início do governo, em especial no que diz respeito a supostas divergências ideológicas.

Um dos episódios de maior repercussão ocorreu quando um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), atribuiu ao governo chinês a responsabilidade pela pandemia.

Em novembro do ano passado, Bolsonaro usou uma decisão da Anvisa, que havia paralisado os testes da CoronaVac depois da morte de um voluntário — posteriormente, comprovou-se que o óbito não teve relação com os estudos —, para atacar João Doria.

"Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la [em referência à CoronaVac]. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha", escreveu o presidente no Facebook em resposta a um seguidor.

João Doria é apontado como potencial concorrente à presidência do Brasil nas eleições de 2022. Críticos apontam que o governador tenta tirar proveito político da CoronaVac.

Vale lembrar, porém, que os estudos sobre a CoronaVac seguem todos os protocolos internacionais e a vacina e só será aplicada após autorização da Anvisa, que no momento analisa um pedido de uso emergencial. Até o momento, os resultados divulgados mostram um imunizante seguro e dentro dos padrões esperados de eficácia.