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Órgãos obtêm solução emergencial para levar oxigênio ao Amazonas

Médicos atendendo paciente com covid-19 em Manaus, Amazonas - BRUNO KELLY/REUTERS
Médicos atendendo paciente com covid-19 em Manaus, Amazonas Imagem: BRUNO KELLY/REUTERS

Do UOL, em São Paulo

15/01/2021 10h26Atualizada em 15/01/2021 18h20

Uma ação conjunta foi articulada para obter soluções emergenciais capazes de resolver a crise do sistema de saúde no Amazonas, que sofre com a ausência de oxigênio medicinal para pacientes de todas as alas hospitalares. Em um esforço conjunto, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), as Forças Armadas, a empresa White Martins e outros órgãos se mobilizaram, após negociações com a PGR (Procuradoria-Geral da República), por meio do Giac (Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia da Covid-19).

A empresa White Martins, principal fornecedora de oxigênio para o Amazonas, se comprometeu a viabilizar o fornecimento do produto por meio de carretas vindas da Venezuela. O trajeto para esses materiais chegarem até o Amazonas está sendo feito por meio das estradas. A liberação da carga nas estradas foi agilizada pelo Giac junto às entidades responsáveis.

Segundo a companhia, serão enviados semanalmente 70 mil metros cúbicos de oxigênio para atender a demanda de Manaus. A primeira remessa foi encaminhada na terça-feira (12) por Belém, no Pará, e seguirá com destino à capital. Uma segunda remessa foi enviada ontem (14), seguindo a mesma logística.

Apesar de ter uma unidade instalada em Manaus, a White Martins informou que "devido à alta demanda gerada pelos crescentes casos de covid-19 na cidade", a empresa decidiu reforçar o fornecimento local com gases produzidos em outros estados.

Na noite de ontem, um avião com 4 mil metros cúbicos de oxigênio também partiu de Guarulhos, em São Paulo, em direção a Manaus. O transporte dos equipamentos foi feito com apoio das Forças Armadas e chegaram na madrugada de hoje ao destino.

Caráter de urgência

Para agilizar a distribuição do oxigênio para o Amazonas o diretor-presidente da Anvisa, almirante Antonio Barra Torres, autorizou 'ad referendum' do colegiado do órgão para que a White Martins possa produzir e distribuir o oxigênio medicinal com grau de pureza de 95%, ao invés do padrão em 99%.

A medida tem prazo de 189 dias e também impôs a empresa fornecedora algumas condições, como cessar a prática assim que a demanda por oxigênio no estado estiver normalizada. A White Martins também precisará informar aos estabelecimentos de saúde e aos usuários a correta pureza do produto disponível, que passa a ser de 95%, para evitar erros de uso.

Colapso no sistema de saúde

O sistema de saúde do Amazonas está em colapso, agravado pela pandemia do novo coronavírus. As unidades locais estão sem acesso ao oxigênio medicinal para todas as alas de saúde. Para tentar salvar a vida dos pacientes, o Amazonas decidiu realizar transferências para outros estados e decretar toque de recolher das 19h até as 6h. As medidas foram anunciadas ontem pelo governador Wilson Lima (PSC).

"Nós estamos numa operação de guerra", disse o governador. "O estado do Amazonas, que é referência para o mundo, todo mundo volta seus olhares para cá quando há um problema relacionado à preservação do meio ambiente... Está clamando, está pedindo socorro. [Com] Uma floresta que produz uma quantidade significativa de oxigênio... Hoje o nosso povo está precisando desse oxigênio."

Apelo e rede de solidariedade

Nas redes sociais, profissionais de saúde e familiares dos pacientes têm feito apelos para que consigam ter acesso ao oxigênio. Comovidos com a situação no Amazonas, artistas como Whindersson Nunes, Wesley Safadão, Tatá Werneck, Simone (da dupla com Simaria), Tierry e Tirullipa estão se articulando para fazer doações que possam ajudar na compra de oxigênio para a região.