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Mandetta alerta para risco de vacinação parar por concentrar na CoronaVac

Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

18/01/2021 19h48Atualizada em 18/01/2021 20h07

Ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta alertou para o risco de a imunização contra a covid-19 ser interrompida — ainda que temporariamente — por insuficiência de vacinas, uma vez que o plano hoje está concentrado na CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan junto à Sinovac.

Segundo Mandetta, o Brasil está numa posição "muito frágil" neste momento. Isso porque o Butantan ainda não produz a vacina, só é responsável pelo envase, estando dependente da chegada do princípio ativo, substância que compõe as vacinas, vindo da China. O mesmo acontece com o imunizante da AstraZeneca/Oxford, que também tem componentes produzidos no país asiático.

"Hoje dependemos que a diplomacia sanitária e o Itamaraty garantam a chegada do insumo, tanto para as necessidades da Fiocruz [Fundação Oswaldo Cruz] como do Butantan. Acredito que a gente pode, sim, ter uma vacinação a 'conta-gotas'. [Acredito] Que a gente pode estar vacinando bem e daqui a pouco parar porque acabaram [as doses]", disse o ex-ministro à GloboNews.

A gente vai [vacinar] muito devagar por causa da nossa dependência [da China] e da estratégia de concentrar em apenas uma vacina [CoronaVac]. (...) Dias muito tumultuados e muito tensos ainda vêm pela frente nesse cenário da vacina. Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde

Mandetta também criticou o que chamou de falta de transparência e orientação do Ministério da Saúde na coordenação de um plano nacional de imunização. Ele citou o fato de a entrega das doses ter atrasado em alguns estados e cobrou datas, além de uma definição melhor sobre quais serão os grupos prioritários.

"Cria-se uma expetativa na ponta, estamos vendo agora uma série de governadores fazerem eventos para mostrar que estão levando as vacinas para seus estados. Além disso, algumas coisas não foram ditas, como quando colocam que profissionais da linha de frente serão vacinados prioritariamente. Quem são esses profissionais?", questionou.

Sobre os próximos passos, o ex-ministro disse acreditar que a pressão sobre o sistema de saúde deve diminuir se o Brasil chegar "ao final de junho, começo de junho" com pelo menos os idosos tendo recebido as duas doses da vacina. Ele acredita que pessoas jovens continuarão tendo complicações, mas em uma frequência menor.

Além disso, lembrou, há a campanha de vacinação contra a gripe, normalmente feita em abril, que deve ser feita junto à imunização contra o coronavírus.

"Quando a gente chegar a 75, 80 milhões de brasileiros tendo recebido as duas doses, depois vamos ter que continuar vacinando até uns 160 milhões de brasileiros para atingir uma posição de [imunidade de] rebanho maior e diminuirmos a circulação do vírus. Vamos continuar até o final do ano falando da necessidade das pessoas vacinarem", analisou Mandetta.