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Mourão absolve Pazuello, mas diz que excesso de pressão leva a descontrole

Hamilton Mourão quer vacinar 70% da população até o final do ano - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
Hamilton Mourão quer vacinar 70% da população até o final do ano Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

19/01/2021 11h36Atualizada em 19/01/2021 13h03

O vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), fez hoje uma defesa moderada da atuação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que tem sido duramente criticado pela organização e execução do planejamento relacionado à vacinação contra a covid-19.

"Ele vem procurando as melhores soluções para essa crise da pandemia. É óbvio que isso tem pontos a favor e pontos que são contra a gestão dele", declarou ele nesta manhã ao chegar ao seu gabinete, no Palácio do Planalto.

Na visão de Mourão, a logística de distribuição do imunizante, de forma geral, "não deu errado". Segundo ele, "é complicado" enviar em tão pouco tempo uma grande quantidade da CoronaVac —única vacina disponível até o momento— em um país como o Brasil, que tem dimensão continental.

"Vamos lembrar o que o ministro já tinha falado semanas atrás. Que, a partir do momento em que a vacina fosse aprovada, se levaria de dois a três dias para que ela tivesse colocada em todos os pontos do Brasil. O que aconteceu é que ficou aquela expectativa que, da noite para o dia, ia chegar no Acre e no Rio Grande do Sul ao mesmo tempo. É complicado."

O vice destacou ainda que a "linha de ação" original era que a vacinação só começasse nesta quarta-feira, às 10 horas, justamente para que houvesse tempo (de 2 a 3 dias após a autorização da Anvisa para uso emergencial) de enviar as doses de CoronaVac aos estados e municípios.

Questionado se Pazuello teria cedido a pressões exercidas pelos governadores e ao impacto da repercussão da vacinação simbólica em São Paulo, onde o governador João Doria (PSDB) deu a largada a contragosto do Ministério da Saúde, Mourão contemporizou.

Segundo ele, "não faltou controle" a Pazuello, porém, em geral, "a gente perde o controle quando há excesso de pressão".

"É aquela história, muita ansiedade e você sabe que há obviamente uma exploração política disso aí. É aquela história, né, nessas horas muitas vezes o controle foge", comentou o vice, sem fazer menção nominal ao colega de farda. Tanto Pazuello quanto Mourão são generais de Exército.

A confusão da vacina

Ontem (18), após ser pressionado por governadores e cobrado devido ao início da vacinação em São Paulo, Pazuello antecipou o planejamento que vinha sendo defendido pelo ministério (quarta-feira, às 10h) e anunciou que a imunização começaria imediatamente nos estados e municípios (tão logo as doses de CoronaVac começassem a chegar).

No entanto, voos atrasaram e outros problemas ocorreram ao longo do dia. Dessa forma, a entrega foi comprometida, e muitos governadores acabaram sem receber a vacina. Enquanto isso, outros estados seguiram o caminho de SP e deram início à imunização, como o Rio de Janeiro —que realizou um evento no Cristo Redentor, com ampla repercussão nacional e internacional.

'Não vou dizer que sou um excelente presidente'

Também na manhã de hoje, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) conversou rapidamente com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, a residência oficial do Executivo federal. Sem abordar um tema específico, o governante declarou a um fã:

"Não vou dizer que sou um excelente presidente. Mas tem muita gente querendo voltar o que eram os anteriores. Já reparou? É impressionante. Estão com uma saudade de um...", disse ele, sem completar a frase.

Bolsonaro também foi questionado sobre as questões polêmicas da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

"Já melhorou a prova do Enem. Lá tem um banco de dados e a gente não pode fugir deles. A gente vai mudando devagar. Lembra dos temas de pouco tempo atrás aí? Cada tema, pelo amor de Deus."