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Recém-nomeadas, médicas filhas de empresário são vacinadas no AM

Irmas Lins comemoram vacina contra covid-19 Imagem: Reprodução

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

20/01/2021 15h17Atualizada em 22/01/2021 14h35

Duas médicas, filhas de um empresário do ramo da educação no Amazonas, tomaram vacina contra a covid-19 logo após serem nomeadas para trabalhar na área administrativa de uma UBS (Unidade Básica de Saúde) de Manaus. Formadas no ano passado, as irmãs Gabrielle e Isabelle Lins publicaram sobre a imunização nas redes sociais e foram alvo de ataques. Gabrielle foi nomeada na segunda-feira (18) —dia em que as vacinas foram enviadas à cidade— como gerente de projeto, com salário de R$ 8 mil.

Elas afirmam, assim como o município, que atuam na linha de frente na UBS Nilton Lins, unidade batizada com o nome do pai das duas, o dono da Universidade e das Escolas Nilton Lins.

"Vacinada sim!", escreveu Isabelle em sua rede social. "Nunca tomei uma vacina tão feliz", postou Gabrielle.

As duas passaram a ser acusadas de furar a fila da vacinação em razão do sobrenome. A juíza Jaiza Pinto Fraxe chegou a fazer "um apelo" no Twitter: "Não furem a fila da vacina. Não deixem ninguém furar".

O governo do estado divulgou nota afirmando que "apenas distribui as vacinas, mas a aplicação delas é feita pelas prefeituras".

Em resposta, a Prefeitura de Manaus disse que as duas estão entre os dez médicos recém-nomeados para gerenciar projetos, mas que, diante da necessidade, foram remanejados para a linha de frente. Questionada, a administração não informou se isso quer dizer que as irmãs atendem pacientes.

"Nada houve de ilegal, pois fazem parte do grupo preferencial e estavam no exercício de suas funções", diz a nota.

'Eu sou médica sim'

"Realmente eu sou médica sim, formada em maio de 2020, durante o primeiro pico da pandemia", escreveu Gabrielle em resposta a uma publicação que a acusava. "Desde a semana passada fui convidada para atuar na atenção primeira à covid, na nova UBS da prefeitura. E hoje durante meu plantão fui convidada a me vacinar juntamente com os demais médicos e enfermeiros das unidades. Realmente não propague fake news, isso é triste!", diz o texto.

Formadas na universidade do pai, Gabrielle se registrou no Creman (Conselho Regional de Medicina do Amazonas) em 21 de maio do ano passado. Isabelle, no dia 22 de dezembro.

Segundo a Prefeitura, elas estavam de plantão na UBS quando foram vacinadas porque a administração municipal decidiu começar a vacinação pelas unidades que atendem no período noturno.

O Ministério da Saúde disse que liberou 282.320 doses de CoronaVac, a vacina contra covid, para o Amazonas. A estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é que o estado tenha 4,2 milhões de habitantes. Ou seja, a quantidade deve atender apenas 3,4% da população, considerando que cada pessoa deve tomar duas doses para ser imunizada.

A primeira vacinada em Manaus foi Vanda Ortega, profissional de saúde e indígena.

TCE pede explicações

Diante de algumas denúncias, como a de que o imunizante chegou à UBS Nilton Lins antes de ser entregue a grandes hospitais, a conselheira do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Yara Lins pediu explicações sobre a distribuição de vacinas no estado.

Ela também questionou as denúncias de que haveria pessoas "furando a fila" dos grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde.

"Várias denúncias foram divulgadas em redes sociais. É o chamado controle social", afirmou a conselheira ao UOL. "O Tribunal de Contas não pode deixar de ouvir o povo, ao passo que é nosso dever apurar os fatos denunciados, mesmo que em redes sociais, considerando a gravidade envolvida."

Ao UOL a Prefeitura afirmou em nota que "a vacinação dos profissionais da saúde dos hospitais, prontos-socorros, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Serviços de Pronto Atendimento (SPAs) escolhidos pelo governo" começam hoje e que "iniciou os trabalhos pelas UBSs, com atendimento exclusivo para casos suspeitos de covid-19".

Na semana passada, o sistema de saúde de Manaus entrou no segundo colapso, desde o início da pandemia do novo coronavírus. Com o avanço dos casos de covid-19, os hospitais estão superlotados e, desde a semana, falta oxigênio. O número médio de mortes causadas pela doença na capital amazonese já supera em mais de 20% o registrado no primeiro pico da pandemia, em maio passado.

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