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Sem insumos, produção da CoronaVac no Butantan está parada desde domingo

Laboratório do Instituto Butantan, em São Paulo - Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
Laboratório do Instituto Butantan, em São Paulo Imagem: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

Leonardo Martins

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/01/2021 17h34Atualizada em 20/01/2021 19h55

O Instituto Butantan já envasou todo insumo disponível no momento para a fabricação da CoronaVac, vacina contra a covid-19, e está com as máquinas paradas desde o último domingo (17). O instituto aguarda a chegada de mais matéria-prima da China para continuar a produção do imunizante.

A maioria das doses fabricadas pelo Butantan já foi envasada e está pronta para distribuição, e uma parte da produção está em fase de rotulagem e embalagem, segundo o instituto.

De acordo com o presidente do Butantan, Dimas Covas, a expectativa é que os insumos cheguem até o final de janeiro. "Nossa previsão de chegada até o fim deste mês é de 5.400 litros. E mais 5.600 litros até o dia 10 de fevereiro. Essa matéria-prima está pronta e aguardando trâmite burocrático", disse.

Com essa quantidade de produto em mãos, o Butantan afirma que pode produzir até 11 milhões de novas doses da CoronaVac — desde segunda-feira foram distribuídos aos estados brasileiros os 6 milhões de doses produzidos pelo laboratório chinês Sinovac e liberados pela Anvisa. Outros 4,8 milhões estão prontos, aguardando autorização da Anvisa para serem disponibilizados.

Ainda segundo Covas, o aval para o envio da carga ao Brasil depende agora da última das quatro instâncias de órgãos estatais chineses responsáveis pela liberação do material.

Dobrar a capacidade de produção

Assim que chegarem os novos insumos da China, a expectativa do Butantan é conseguir duplicar a produção da vacina, passando de 1 milhão para 2 milhões de doses diárias do imunizante.

Para isso, é necessário que os cientistas consigam finalizar a produção da vacina contra a influenza, sendo possível, assim, concentrar dois setores inteiros do instituto na produção da CoronaVac.

Entrave sobre insumos

A importação de insumos da China se tornou mais urgente depois que o governo federal fracassou na aquisição das vacinas da AstraZeneca/Oxford, produzidas em laboratório na Índia, fazendo com que a CoronaVac se tornasse o único imunizante disponível para os brasileiros.

Tanto o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), quanto Dimas Covas cobraram celeridade e seriedade do governo de Jair Bolsonaro para ajudar nas tratativas para liberação dos insumos da vacina.

Hoje, após se encontrar com o embaixador da China, Yang Wanming, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o atraso na exportação do material para Brasil ocorre por razões técnicas, e não políticas.

A relação do governo brasileiro com a embaixada da China no país tornou-se tensa depois de o chanceler brasileiro Ernesto Araújo e o filho do presidente Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) fazerem críticas à China e ao embaixador chinês. Eduardo chegou a culpar a "ditadura chinesa" pela pandemia do novo coronavírus.

Em resposta a uma das críticas, feitas pelo filho do presidente e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), a embaixada da China no Brasil citou "consequências negativas" para o governo pelas afrontas.

O que diz o governo federal

Em nota divulgada hoje, o governo federal disse que está em contato com o governo da China para a liberação dos insumos e que trata a questão com seriedade.

"Outros ministros do governo federal têm conversado com o embaixador Yang Wanming. No dia de hoje, foi realizada uma conferência telefônica entre o embaixador e os ministros da Saúde, da Agricultura e das Comunicações", disse o governo.

O Planalto afirmou ainda que o governo federal "é o único interlocutor oficial com o governo chinês".

*Com a colaboração de Allan Brito e Rafael Bragança, do UOL, em São Paulo