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AM: fila por leito hospitalar cresce mesmo com transferências e novas vagas

Manaus tem mais de 500 pessoas na espera por um leito hospitalar em meio a severa crise de casos da covid-19 e falta de oxigênio - Carlos Madeiro/UOL
Manaus tem mais de 500 pessoas na espera por um leito hospitalar em meio a severa crise de casos da covid-19 e falta de oxigênio Imagem: Carlos Madeiro/UOL

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

27/01/2021 04h02

Os pacientes com covid-19 transferidos para outros estados e a ampliação no número de leitos em hospitais não estão sendo suficientes para reduzir a pressão sobre a rede de saúde pública do Amazonas. Na terça-feira (26) à noite, 566 pacientes estavam à espera de uma vaga —número que vem crescendo quase que diariamente—, 89 deles precisavam de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

O colapso no estado começou no dia 6. Pela primeira vez, o estado informou no relatório diário que já não havia mais leitos em hospitais, e uma fila de espera começou a se formar. Pacientes também passaram a ter atendimento restrito pela falta de vagas nas unidades de saúde. Sem vagas, pacientes estão improvisando tratamento em casa no estado.

Desde que o estado passou a perceber um novo aumento de casos da doença, em novembro, o governo do Amazonas ampliou em 155% o número de leitos exclusivos para covid-19, saindo de 457 para 1.166 leitos na rede pública. Além disso, até essa madrugada, 302 pacientes que estavam internados foram transferidos para outros estados para tratar casos da doença.

Segundo dados dos boletins da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde) do Amazonas, a fila de espera começou no dia seis com 21 pacientes, que precisaram aguardar um leito.

Desde lá o número cresceu de forma rápida devido à explosão na quantidade de pacientes que procuraram os serviços em um mesmo período: dois dias depois de começar a ter fila, o número de pacientes à espera subiu para 404.

"O fluxo de pessoas que chegaram ao mesmo tempo nesses primeiros dias do ano foi inacreditável, nada parecido tinha ocorrido na primeira onda", contou uma técnica de enfermagem que atua no maior pronto-socorro da capital, o 28 de Agosto, no bairro de Adrianópolis. Pela lotação, a unidade fechou a triagem para novos pacientes no dia 15.

Fila de espera considera apenas pacientes internados, diz secretaria

Os dados confirmam que o número de hospitalizações cresceu em janeiro de forma exponencial. Em dezembro, por exemplo, a média diária era de 40 pessoas internadas com covid-19 ou suspeita. Em janeiro, essa média chegou a 175 —alcançando o ápice em números absolutos no dia 14, quando foram 254 internações.

No primeiro pico da doença, em maio, apenas um dia o número passou de 150 internações: 5 de maio, quando foram 168 pacientes hospitalizados.

Ao UOL, a Secretaria de Estado de Saúde afirma que a lista de espera se refere apenas a pacientes internados, que estão "recebendo assistência médica, em unidades de Serviço de Pronto Atendimento (SPAs), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), além de salas rosas e vermelhas dos Pronto-socorros, enquanto aguardam remoção para leitos clínicos e de UTI."

Para tentar resolver o problema, a secretaria informou que os governos federal e estadual trabalham em conjunto, em diversas frentes, para ampliar o atendimento de pacientes com covid-19 no estado.

"Ao todo, a SES-AM tem previsão de abrir quase 400 leitos em unidades da rede e, para isso, trabalha para equacionar a ampliação da oferta de oxigênio e de recursos humanos. Somente nesta semana 80 leitos serão disponibilizados para atendimento, na enfermaria de campanha do Hospital Delphina Aziz e no Hospital Nilton Lins, este último requisitado administrativamente pelo governo estadual", diz.

Além disso, diz o governo, o estado "trabalha medidas mais rígidas para reduzir a contaminação do vírus e diminuir a pressão sobre a rede de saúde pública e privada do Amazonas. Entre as medidas está a ampliação para 24 horas do período de restrição de circulação de pessoas no estado, durante sete dias, a partir do dia 25 de janeiro.