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"País é refém da Anvisa", diz Rui Costa sobre demora para liberar vacinas

Em entrevista à CNN, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), criticou duramente a Anvisa por demora na liberação de vacinas - Reprodução/CNN Brasil
Em entrevista à CNN, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), criticou duramente a Anvisa por demora na liberação de vacinas Imagem: Reprodução/CNN Brasil

Do UOL, em São Paulo

21/02/2021 19h46

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), criticou duramente a Anvisa pela demora na liberação de outras vacinas para os brasileiros, que só dispõem, no momento, da Coronavac e da vacina da Oxford/AstraZeneca. "Até quando o país vai ser refém dessa instituição chamada Anvisa, que ainda não autorizou as vacinas da Pfizer, da Moderna, a Sputnik e a indiana [Covaxin]?", indagou o governador.

Para Costa, é "inadmissível e incompreensível" o que ele chamou de "burocracia e lentidão" da Anvisa.

A Pfizer realizou testes da sua vacina, desenvolvida em parceria com a Biontech, em Salvador. Inclusive, os pacientes que tomaram placebo (medicamento sem princípio ativo e sem efeito usado em testes) nos testes realizados no Brasil já estão sendo vacinados.

Falta de sensibilidade

O governador disse não entender "a razão e a lógica de a Anvisa demorar mais que as agências dos EUA e da Europa para liberar mais vacinas. Quando que a Anvisa vai se sensibilizar com as mortes no Brasil e liberar as vacinas?", questionou Costa.

"O urgente e o necessário seria que o Brasil ampliasse o leque de vacinas. Os Estados podem e querem adquirir essa vacina e basta a Anvisa ter um mínimo de sensibilidade", criticou o governador que, em janeiro, entrou com uma ação no STF para que a Bahia possa comprar vacina diretamente da Rússia.

Questionado sobre o fato de que a Anvisa alega que os laboratórios não apresentaram toda a documentação solicitada (o laboratório que fabrica a Moderna não entrou com o pedido de uso emergencial, por exemplo), Costa ironizou: "Deve haver um complô dos laboratórios do mundo para não entregar o material à Anvisa".

Disputa com a Anvisa vem desde o início da pandemia

Citando o ditado "quem quer fazer encontra uma forma e quem não quer fazer encontra uma desculpa", Costa lembrou que a disputa do Estado com a Anvisa vem desde o início da pandemia.

O governador lembrou que em março do ano passado, o governo estadual passou a medir temperatura e fazer testes de covid-19 no aeroporto de Salvador, mas a Anvisa entrou na Justiça para proibir o Estado da Bahia de monitorar no aeroporto.

Desrespeito e crença na gripezinha

Costa atribui a aceleração da covid-19 no Estado ao "desrespeito e cansaço de parte da população [com o distanciamento social]. Muita gente deixou de utilizar máscara", afirmou.

Segundo Rui Costa, a Bahia tem registrado muitas mortes de pessoas em casa. Sem citar dados, ele disse que uma das hipóteses para isso foi a crença de que a covid-19 é uma doença simples de curar.

"Infelizmente, temos tido óbitos de pessoas morrendo em casa sem sequer procurar um médico. Talvez sejam pessoas que tenham acreditado no presidente da República, que essa doença é só uma gripezinha e resolveram se curar em casa com chá de limão, ou alho, ou outros medicamentos caseiros", disse.

Rui Costa afirmou que as mudanças nos critérios de liberação de leitos pelo governo federal não são essenciais no quadro baiano. "Não tem sido o problema principal por que arcamos até aqui com recursos do Estado e temos no limite recursos para comprar vacina com recurso estadual", disse.

Covid-19 na Bahia

Rui Costa disse que a epidemia de covid-19 está em ritmo muito acelerado na Bahia, com média de 60 óbitos por dia e a ocupação de leitos acima de 80% e com "mais de 10 hospitais com 100% dos leitos de UTI ocupados. "E olhe que hoje temos mais leitos de UTI funcionando do que no pico da pandemia, em julho", disse.

A partir de amanhã, o governador ampliou o toque de recolher vigente no Estado e estão suspensas as atividades não essenciais a partir das 20h. Bares e restaurantes e demais atividades não essenciais devem fechar até as 18h.