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Macapá gasta R$ 3 mi com 'kit covid' e nega ser prevenção contra doença

Macapá distribuiu 'kit covid' à população Imagem: Arquivo Pessoal

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

04/03/2021 14h27

A Prefeitura de Macapá anunciou que começou hoje a distribuição de "kit covid" à população como estratégia de não agravar sintomas da covid-19. O complexo de substâncias reúne vitaminas C e D, zinco e ivermectina - medicamento sem eficácia científica comprovada contra o novo coronavírus.

Segundo a prefeitura, "a iniciativa é uma estratégia para fortalecer a imunidade da população e visa prevenir o agravamento dos casos de infecção pelo novo coronavírus". A ação, que inclui ainda a distribuição de máscaras e realização de testes rápidos, custa R$ 3 milhões em recursos públicos e segue até sábado (6).

O prefeito Antônio Furlan (Cidadania), que é médico cardiologista, confirmou que a distribuição visa impedir que os infectados cheguem em estado avançado da doença às UBS (Unidades Básicas de Saúde).

"A prefeitura de Macapá, acompanhando o que se passa no país e com o apoio do Comitê Médico de Saúde do Amapá, montou uma estratégia para prevenir que pacientes com a covid-19 cheguem em estado grave às UBSs. Essa é uma das ferramentas que temos para evitar que a capital entre em colapso. O protocolo não impede que as pessoas se contaminem, mas reforça a imunidade. Precisamos lutar com todas as armas possíveis", explicou o prefeito ontem ao anunciar a medida.

Apesar de Macapá distribuir a ivermectina, autoridades sanitárias nacionais e internacionais descartaram o uso do remédio no combate à covid-19. Estudos recentes também não comprovaram a eficácia da substância.

Macapá conta atualmente com 36.709 casos confirmados, sendo que 856 pessoas morreram em decorrência da doença. Outros 27 óbitos estão em investigação.

"Não é protocolo preventivo", diz prefeitura

Procurada pelo UOL, a Prefeitura de Macapá informou que a medida não tem intenção preventiva, ratificando que pretende não causar o agravamento da doença, baseando na busca por pacientes sintomáticos.

"O protocolo não é preventivo à Covid-19. Um comitê médico local elaborou a estratégia visando aumentar a imunidade da população de 18 a 70 anos, prevenindo doenças oportunistas que possam levar ao agravamento da doença causada pelo novo coronavírus", confirmou.

Questionado se a medida levou em conta algum amparo técnico-científico, o município informou que um "comitê médico local foi responsável pela construção da estratégia base da campanha + Proteção".

"A distribuição do agente antiparasitário citado, segundo o comitê, não é direcionado ao tratamento da Covid-19 e sim, ao combate da replicação viral de outras doenças oportunistas, que podem levar ao agravamento dos casos confirmados do novo coronavírus", completou.

Anvisa e fabricante dizem que remédio não é eficaz

A distribuição do remédio por prefeituras pelo país afora provocou a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ligado ao Ministério da Saúde, lançar um alerta para que os municípios não adotem a medida como prevenção à covid-19.

A Anvisa lembrou que a ivermectina é um medicamento recomendando contra parasitas. Em estudos recentes, o remédio até mostrou resultados positivos contra uma ampla gama de vírus, mas a conclusão foi feita com base apenas em estudos in vitro, ou seja, sem a etapa seguinte de testes em humanos.

"Os resultados encontrados in vitro não podem ser tomados como verdadeiros in vivo", advertiu o órgão, acrescentando que há apenas um estudo em andamento no Brasil para a comprovação da eficácia do medicamento contra a covid-19. A iniciativa, porém, tem previsão de conclusão para julho de 2021 e não teve a anuência da Anvisa.

Recentemente a MSD, farmacêutica internacional responsável pela fabricação da ivermectina, confirmou que não há dados disponíveis que sustentem a eficácia do medicamento contra a covid-19. A fabricante não vende no Brasil. Além disso, médicos relatam casos de pacientes que tiveram hepatite após o uso contínuo do remédio.

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