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Obstetra de Fortaleza relata emoção em parto de paciente com covid intubada

Obstetra Sabrina Forte realizou o parto de uma paciente com covid-19 intubada - Reprodução/Instagram
Obstetra Sabrina Forte realizou o parto de uma paciente com covid-19 intubada Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

06/03/2021 11h48

A obstetra Sabrina Forte relatou, em seu Instagram, a emoção de ter realizado, com sucesso, um parto em uma paciente com covid-19 internada em estado gravíssimo em um hospital de Fortaleza. A recém-nascida, Maria Liz, e a mãe se recuperam depois de uma cesariana de alto risco, de acordo com a médica.

No relato, Sabrina conta que a mãe, de 24 anos, estava intubada. Houve contratempos durante a cesariana, e a obstetra diz que chegou a pensar que a bebê, prematura, havia nascido morta.

"Bebê aparentemente morta. O tempo para. Pi, pi, pi. Menos as máquinas do setor, menos o sangue. 'Dra., a pediatra trouxe de volta, está viva!' Parei, olhos cheios de água [voltados] para a Yasmin Paes (outra médica que realizava o parto). Que surpresa boa. Que alívio... O obstetra só volta a respirar depois de todo nascimento. Fato, essa é a adrenalina que nos preenche", contou.

Em vídeo no Instagram Stories, a obstetra disse que Maria Liz nasceu com um "quilo e pouquinho" e vem apresentando melhora. Ela ainda disse que este tipo de situação "tem sido a realidade" desde que reassumiu o posto de obstetra no Hospital Geral Dr. César Cals, há 15 dias.

Ela faz um apelo. "Acabou essa história de 'grupo de risco'. Ferrou geral. Quer ajudar? Enfie a máscara na fuça de quem você conhece, guarde seus pais e julgue, sim, os coleguinhas das festas proibidas. O caos não está para brincadeira, e a parte desesperadora é que não tem leito para todo mundo. Nem caixão", disse.

'Chorei baixinho"

Na postagem, Sabrina Forte ainda destacou o trabalho de toda a equipe que realizou o parto e os desafios que a pandemia tem imposto a cada um dos profissionais. Ela disse ter chorado baixinho antes do procedimento.

"Assisti a uma extensa equipe lutar pelo sentido. O limite físico existe, não se iludam, não somos especiais, corajosos. Somos tementes. Ou estamos exaustos, ou estamos doentes", escreveu.

"Chorei baixinho antes de me paramentar. Sabiam que são várias camadas de roupa, que sentimos calor, que a máscara machuca o tempo inteiro o rosto, que as luvas apertam e que fazemos o checklist das coisas inúmeras vezes na cabeça para não se contaminar? Não há um segundo de paz", finalizou.