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Brasil bate recorde com 1.954 mortes em 24 h e atinge maior média de óbitos

Douglas Porto, Juliana Arreguy e Ricardo Espina

Do UOL e colaboração para o UOL, em São Paulo

09/03/2021 19h34Atualizada em 09/03/2021 21h38

O Brasil atingiu nesta terça-feira os piores números da pandemia: foram 1.954 mortes causadas pela covid-19 em um intervalo de 24 horas, com média de 1.572 vítimas da doença diariamente na última semana. É o 11º dia consecutivo de recorde na média de óbitos.

Os dados são do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, baseado nas informações fornecidas pelas secretarias estaduais de saúde. O estado de Goiás não atualizou o total de óbitos até a conclusão do levantamento, às 20h, por uma falha técnica do sistema.

Hoje também é o 48º dia consecutivo no qual o país apresentou média móvel de mortes por covid-19 acima de mil — período mais longo em toda a pandemia. O Brasil já ultrapassou uma semana com tendência de aceleração na média de óbitos — a variação de hoje foi 39%.

Vinte e um estados e o Distrito Federal apresentam tendência de alta na média de mortes, enquanto apenas dois têm queda. Outros três mantêm índices estáveis.

Das regiões, apenas o Norte (4%) e o Sudeste (12%) se mantêm estáveis. Todas as demais apresentam tendência de aceleração: Centro-Oeste (37%), Nordeste (70%) e Sul (110%).

Os recordes sucessivos consolidam uma segunda onda ainda mais letal do que a primeira no Brasil. Hoje, o estado de São Paulo registrou o recorde de óbitos pela doença em um intervalo de 24 horas: 517.

Na primeira onda

  • Maior número de mortes em 24 h: 1.554 (19/7)
  • Maior média móvel de óbitos: 1.097 (25/7)
  • Maior período com média acima de mil: 31 dias
  • Maior número de óbitos em uma semana: 7.679 (de 19/7 a 25/7)

Na segunda onda:

  • Maior número de mortes em 24 h: 1.954 (9/3)
  • Maior média móvel de óbitos: 1.572 (9/3)
  • Maior período com média acima de mil: 48 dias
  • Maior número de óbitos em uma semana: 10.183 (de 28/2 a 6/3)

É o oitavo dia consecutivo com mais de mil óbitos computados em um intervalo de 24 horas, a maior sequência em toda a pandemia. No total, foram 268.568 vítimas desde março de 2020.

Os cinco dias com maior número de vítimas ocorreram em março (os números não indicam quando os óbitos ocorreram de fato, mas, sim, quando passaram a contar dos balanços oficiais):

  • 9 de março - 1.954
  • 3 de março - 1.840
  • 4 de março - 1.786
  • 5 de março - 1.760
  • 2 de março - 1.726

Seis estados computaram mais de cem mortes por covid-19 nas últimas 24 horas. O total de vítimas apenas nesses estados chega a 1.317:

  • São Paulo - 517
  • Rio Grande do Sul - 275
  • Paraná - 206
  • Ceará - 108
  • Santa Catarina - 108
  • Bahia - 103

As 14 maiores médias móveis de mortes por covid-19 no Brasil foram verificadas nos últimos 14 dias. As 10 mais elevadas são as seguintes:

  • 9 de março - 1.572
  • 8 de março - 1.540
  • 7 de março - 1.497
  • 6 de março - 1.455
  • 5 de março - 1.423
  • 4 de março - 1.361
  • 3 de março - 1.332
  • 2 de março - 1.274
  • 1º de março - 1.223
  • 28 de fevereiro - 1.208

De ontem para hoje, houve 69.537 diagnósticos positivos para o novo coronavírus em todo o país. Desde o início da pandemia, o número de infectados chegou a 11.125.017.

Veja a situação por estado e no Distrito Federal:

Região Sudeste

  • Espírito Santo: aceleração (18%)

  • Minas Gerais: estável (11%)

  • Rio de Janeiro: queda (-25%)

  • São Paulo: aceleração (33%)

Região Norte

  • Acre: aceleração (40%)

  • Amazonas: queda (-29%)

  • Amapá: aceleração (40%)

  • Pará: estável (9%)

  • Rondônia: aceleração (36%)

  • Roraima: aceleração (42%)

  • Tocantins: aceleração (80%)

Região Nordeste

  • Alagoas: acelerado (48%)

  • Bahia: aceleração (54%)

  • Ceará: aceleração (137%)

  • Maranhão: aceleração (168%)

  • Paraíba: aceleração (44%)

  • Pernambuco: aceleração (17%)

  • Piauí: aceleração (109%)

  • Rio Grande do Norte: aceleração (22%)

  • Sergipe: aceleração (89%)

Região Centro-Oeste

  • Distrito Federal: aceleração (53%)

  • Goiás: estável (13%)

  • Mato Grosso: aceleração (55%)

  • Mato Grosso do Sul: acelerado (75%)

Região Sul

  • Paraná: aceleração (107%)

  • Rio Grande do Sul: aceleração (115%)

  • Santa Catarina: aceleração (108%)

Dados da Saúde

O Ministério da Saúde divulgou nesta terça-feira (9) que o Brasil registrou 1.972 novas mortes causadas pela covid-19 nas últimas 24 horas. Pelos números da pasta, é o número mais alto em toda a pandemia.

O recorde anterior havia sido computado em 3 de março, com 1.910 vítimas. Desde março de 2020, o total de óbitos causados pela doença chegou a 268.370 em todo o país, pelos dados do Ministério da Saúde.

De acordo com o Ministério, houve 70.764 casos confirmados da doença de ontem para hoje, elevando o total de 11.122.429 infectados desde o começo da pandemia.

Segundo o governo federal, 9.843.218 pessoas se recuperaram da doença até o momento no Brasil, com outras 1.010.841 em acompanhamento.

Coordenador em SP critica debate sobre Lula e Bolsonaro

Horas antes dos números serem divulgados, João Gabbardo, coordenador-executivo do centro de contingência da covid-19 em São Paulo, afirmou que hoje haveria um recorde de mortes causadas pela doença. Ele fez essa previsão no Twitter e aproveitou para criticar o debate político que gira em torno do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do ex-presidente Lula (PT).

"Hoje ao final do dia teremos o maior número de novos óbitos (recorde) do país de toda a pandemia. Precisamos urgente de ação nacional, mas estaremos falando de Lula e Bolsonaro", afirmou Gabbardo na rede social.

O debate político citado por Gabbardo acontece por causa da anulação do processo de Lula no STF, determinado ontem pelo ministro Edson Fachin, o que abriu uma série de polêmicas, inclusive sobre a próxima eleição para presidente.

Veículos se unem pela informação

Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de covid-19, os veículos de comunicação UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa para buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades da Federação.

O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes de autoridades e do próprio presidente durante a pandemia colocam em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão.