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Epidemiologista diz que politização da vacina confunde a população

Carla Domingues, ex-coordenadora do PNI, no Roda Viva - Reprodução/TV Cultura
Carla Domingues, ex-coordenadora do PNI, no Roda Viva Imagem: Reprodução/TV Cultura

Do UOL, em São Paulo

15/03/2021 23h08

"Infelizmente nós vemos uma politização muito grande em relação às vacinas", disse a epidemiologista e ex-coordenadora do PNI (Plano Nacional de Imunização) Carla Domingues. Para ela, a ação de governos em relação a vacinação contra a covid-19 fez com que a população ficasse confusa em relação à segurança dos imunizantes.

Carla Domingues foi entrevistada hoje no programa Roda Viva, da TV Cultura. A especialista afirmou também que "a melhor vacina é a que chegar no braço do cidadão". "As vacinas que estão sendo utilizadas no Brasil são muito seguras passaram por um processo de qualidade e têm eficácia semelhantes", completou.

"Temos que garantir que a população busque a vacina e não fique escolhendo entre uma ou outra, que acredite que as vacinas têm qualidade, segurança, eficácia", explicou Carla. "Isso vai fazer com que a gente tenha uma diminuição na quantidade da doença", reforçou.

Além de Carla Domingues, o Roda Viva especial sobre vacinas contou também com a participação de Pedro Hallal, epidemiologista e professor da UFPel (Universidade Federal de Pelotas), e de Cristiana Toscano, única integrante sul-americana da Iniciativa Global pelas Vacinas da Organização Mundial da Saúde.

Cristiana Toscano concordou com a explicação de Carla Domingues e esclareceu que a vacinação no Brasil vem sendo monitorada. "As vacinas só são registradas e recomendadas para uso quando a gente tem segurança que não há eventos graves relacionados à vacina que sejam relevantes e importantes. Então a gente pode sim ter essa tranquilidade", afirmou.

A questão da volta às aulas

Carla Domingues também respondeu sobre a volta às aulas em meio à pandemia. Para ela, o tempo que as crianças ficaram fora do ambiente escolar é uma "tragédia sem precedentes". A epidemiologista afirmou que as aulas poderiam ter voltado anteriormente, mas não defende o retorno agora.

"Até dezembro eu era radicalmente a favor que escolas tivessem voltado. Lamentavelmente estamos vendo que escolas privadas se prepararam, mas temos escolas públicas que não fizeram reformas, melhorias, que não têm condições de ter água potável para crianças. Então, neste momento, nesta situação, como vamos mandar as crianças voltar para a escola?", falou.

"Fazer as escolas de depósito para se colocar essas crianças num risco de adoecer e de levarem a doença para avós que estão em casa é muito sério", completou Carla.

Cristiana Toscano fez coro com a defesa de Carla. "Quero reforçar que embora no ano passado a gente tinha essa preocupação muito grande, o momento agora é outro", disse.

"Agora a gente está no momento em que, junto com as outras coisas, as escolas devem permanecer fechadas porque estamos em um momento absolutamente crítico", completou Cristiana.