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Brasil supera 4.000 mortes por covid em 24h e dobra recorde diário em 1 mês

Ana Caratchuk, Douglas Porto, Thaís Augusto e Ricardo Espina

Do UOL e colaboração para o UOL, em São Paulo

06/04/2021 18h40Atualizada em 07/04/2021 06h25

O Brasil bateu, mais uma vez, recorde no número de mortes pela covid-19. Nas últimas 24 horas, foram confirmados 4.211 óbitos em todo o país. É a primeira vez que o índice supera a casa de 4 mil. O levantamento é do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, com base nos dados fornecidos pelas secretarias estaduais de saúde.

Em um mês, o Brasil dobrou o número de mortes em um dia pela covid. No dia 6 de março, o recorde da pandemia era de 1.840 vidas perdidas por dia. Quatro dias depois, registrou mais de 2.000 óbitos nas últimas 24 horas. Após duas semanas, em 23 de março, o país superou a marca de 3.000 mortes no mesmo dia. Com a progressão, o número total de mortes da pandemia é de 337.364.

Nos últimos sete dias, morreram, em média, 2.775 pessoas em decorrência da doença no país. Este é o 75º dia em que a média fica acima de mil.

O levantamento de dados mostra o avanço da covid no Brasil. Em março, o país teve o mês mais letal da pandemia, com mais de 66 mil pessoas mortas. Para abril, entretanto, a previsão é de que o Brasil tenha 100 mil mortes pela covid-19, apontam projeções são da Universidade de Washington.

De ontem para hoje, foram registrados 82.869 novos casos de covid-19, chegando a um total de 13.106.058 pessoas já infectadas. Os dados não representam quando os óbitos e diagnósticos de fato ocorreram, mas, sim, quando passaram a constar das bases oficiais dos governos.

Já de acordo com os dados do governo federal, foram reportados 4.195 óbitos causados pela doença entre ontem e hoje. Até então, pelos números do ministério, o recorde anterior havia sido computado em 31 de março, com 3.869 mortes. Desde o início da pandemia, o total de mortos em todo o país subiu para 336.947.

Pelos dados da pasta, houve 86.979 diagnósticos positivos para o novo coronavírus nas últimas 24 horas, elevando para 13.100.580 o total de infectados no país desde março de 2020. Desse total, 11.558.784 pessoas se recuperaram da doença até o momento, com outras 1.204.849 em acompanhamento.

A pandemia nos estados

Três regiões do país apresentam números em estabilidade: Norte (-1%), Nordeste (11%) e Sul (-11%). Centro-Oeste (30%) e Sudeste (52%) estão em aceleração. No geral, o Brasil apresenta aceleração de 22% na variação de 14 dias.

São 13 estados e o DF com alta nos registros, enquanto oito apresentam estabilidade e outros cinco estão em queda.

O elevado número de novos óbitos foi puxado principalmente pelo estado de São Paulo, que bateu hoje um novo recorde de mortes por covid-19 ao registrar 1.389 óbitos em 24 horas.

Paulo Menezes, coordenador do centro de contingência de São Paulo, disse hoje que o novo recorde já era esperado devido às subnotificações de óbitos que acontecem aos finais de semana e feriados e também pelo número de internações em UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

"A situação é muito difícil, dramática e triste", afirmou em entrevista à CNN Brasil. De acordo com Menezes, o número de internações em UTI vem se estabilizando no estado, apesar de continuar em um nível "altíssimo" — na segunda (5), 12.963 pessoas se encontravam em quadro grave e passavam por tratamento intensivo.

Por isso, segundo o coordenador, é possível que a fase emergencial seja prorrogada no estado. Na capital paulista, o prefeito Bruno Covas (PSDB) decidiu antecipar para a semana passada cinco feriados municipais, em uma tentativa de conter o agravamento da pandemia.

A antecipação dos feriados, no entanto, não foi suficiente para aumentar os índices de isolamento social na cidade e no estado de São Paulo.

Já no Rio Grande do Sul, foram registradas 418 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas. O estado, que nas últimas semanas passou por uma situação de altíssima pressão sobre o sistema hospitalar, tem visto agora uma redução na ocupação de leitos de UTI.

Mesmo assim, pelo menos 4 das 21 "regiões covid" que compõem o estado estão hoje com a capacidade de UTI esgotada. São elas: Passo Fundo, Lajeado, Uruguaiana e Cachoeira do Sul.

No Rio de Janeiro, onde foram contabilizados 347 óbitos pela doença nas últimas 24 horas, a taxa de ocupação de UTIs também preocupa. Em 5 das 9 regiões do estado, a ocupação nas UTIs para pacientes com covid-19 está acima de 90%.

Do dia 26 de março a 4 de abril, o estado teve um recesso de 10 dias com a antecipação de feriados. O objetivo era reduzir a circulação das pessoas e a pressão sobre o sistema de saúde com o aumento de casos de covid-19.

Mas, mesmo antes do fim do recesso antecipado, pelo menos 4 cidades do estado começaram a flexibilizar as medidas de restrição: a capital, Niterói, Nova Iguaçu e Japeri.

Dez estados reportaram mais de cem mortes por covid-19 nas últimas 24 horas. Nestes locais, o total de vítimas soma 3.505:

  • São Paulo - 1.389
  • Rio Grande do Sul - 418
  • Goiás - 366
  • Rio de Janeiro - 347
  • Paraná - 280
  • Santa Catarina - 224
  • Ceará - 142
  • Bahia - 122
  • Espírito Santo - 110
  • Mato Grosso - 107

Veja a situação por estado e no Distrito Federal:

Região Sudeste

  • Espírito Santo: aceleração (51%)
  • Minas Gerais: aceleração (28%)
  • Rio de Janeiro: aceleração (104%)
  • São Paulo: aceleração (50%)

Região Norte

  • Acre: queda (-20%)
  • Amazonas: queda (-26%)
  • Amapá: aceleração (29%)
  • Pará: aceleração (20%)
  • Rondônia: estabilidade (-9%)
  • Roraima: queda (-24%)
  • Tocantins: estabilidade (1%)

Região Nordeste

  • Alagoas: estabilidade (8%)
  • Bahia: queda (-17%)
  • Ceará: aceleração (36%)
  • Maranhão: aceleração (26%)
  • Paraíba: aceleração (20%)
  • Pernambuco: aceleração (22%)
  • Piauí: aceleração (20%)
  • Rio Grande do Norte: estabilidade (5%)
  • Sergipe: estabilidade (2%)

Região Centro-Oeste

  • Distrito Federal: aceleração (55%)
  • Goiás: estabilidade (7%)
  • Mato Grosso: aceleração (26%)
  • Mato Grosso do Sul: aceleração (70%)

Região Sul

  • Paraná: estabilidade (-7%)
  • Rio Grande do Sul: queda (-18%)
  • Santa Catarina: estabilidade (-1%)

Veículos se unem pela informação

Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de covid-19, os veículos de comunicação UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa para buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades da Federação.

O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes de autoridades e do próprio presidente durante a pandemia colocam em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão.