Topo

Esse conteúdo é antigo

Covid: 'Extubação sem analgésico é momento doloroso', diz Ludhmila Hajjar

Médica cardiologista, Ludhmila Hajjar alertou sobre os impactos gerados pela extubação sem analgésicos - Reprodução/CNN
Médica cardiologista, Ludhmila Hajjar alertou sobre os impactos gerados pela extubação sem analgésicos Imagem: Reprodução/CNN

Do UOL, em São Paulo

15/04/2021 09h41Atualizada em 15/04/2021 13h04

A cardiologista Ludhmila Hajjar fez um alerta hoje, em entrevista à GloboNews, sobre os impactos da falta dos medicamentos que compõem o "kit intubação". De acordo com a médica, a extubação — retirada de um tubo que ajuda na respiração — sem analgésicos é um momento doloroso que gera impactos de curto e longo prazo aos pacientes da covid-19.

"Se eu tiver que tirar o tubo ou fazer o processo de extubação do paciente sem analgesico e sedativo, sem essas medicações que servem aliviar o desconforto, será um momento doloroso, traumático, não só para o momento, mas isso também pode gerar consequências a longo prazo", alerta a médica que chegou a ser cotada para ocupar a chefia do Ministério da Saúde.

Segundo Hajjar, pacientes da covid-19 que são extubados sem analgésicos têm apresentado alterações neuropsiquiátricas, como traumas. A médica disse que nenhum profissional da categoria gosta de participar de uma cena de desconforto e de dor e afirma que a questão precisa ser resolvida.

"Nenhum médico gostaria de participar de uma cena de desconforto, de dor, de falta de ar do paciente por falta de medicamentos. A gente precisa resolver esse problema", disse para a GloboNews.

Falta de "kit intubação" em São Paulo

A rede de saúde do estado de São Paulo tem apenas mais "alguns dias" de estoque dos medicamentos que integram o "kit intubação".

A informação foi repassada ontem pelo secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, que acrescentou que o estado pode usar medicamentos alternativos no atendimento.

"Nós temos medicações na rede estadual que confortam para alguns dias, mas nós precisamos também apoiar os municípios", afirmou em entrevista coletiva na sede do Instituto Butantan.

O secretário disse que tem cobrado do Ministério da Saúde o envio de medicações para intubação, que inclui anestésicos e bloqueadores neuromusculares.

"Em 40 dias, a Secretaria do Estado da Saúde mandou o quantitativo de nove ofícios para o Ministério da Saúde. Ontem foi o último ofício que nós mandamos, porque nós precisamos do apoio do governo federal para aquisição centralizada dos kit intubações", disse.

Gorinchteyn também disse que o governo e a secretria estadual, além dos municípios, estão com problemas na aquisição de medicamentos junto aos distribuidores e fabricantes.

"Precisamos que o governo federal nos ajude", afirmou o secretário.