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Busca por UTI está aumentando entre pacientes abaixo de 50 anos, alerta FNP

"O governo deveria ter centralizado as ações. Essa situação é resultado desse pecado", disse o prefeito de Aracaju - Michael Dantas/AFP
"O governo deveria ter centralizado as ações. Essa situação é resultado desse pecado", disse o prefeito de Aracaju Imagem: Michael Dantas/AFP

Do UOL, em São Paulo

18/04/2021 20h45Atualizada em 18/04/2021 21h22

Novo presidente da FNP (Frente Nacional de Prefeitos), o prefeito de Aracaju (SE), Edvaldo Nogueira (PDT), alertou hoje para um aumento na necessidade de internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de pacientes de covid-19 com idade abaixo de 50 anos. Como são mais jovens, esses doentes costumam ser mais resistentes e, por isso, ocupam leitos por mais tempo e demandam ainda mais insumos — hoje escassos —, como o chamado "kit intubação".

"A situação é muito difícil, porque qual é o dilema? Está aumentando a quantidade de pessoas que buscam leitos de UTI, e há uma queda na idade [dos pacientes]. Jovens abaixo de 50 anos têm sido muito infectados, e estes são os que têm ido para a UTI mais rapidamente e demorando mais tempo para se recuperar, o que exige mais 'kits' [intubação]", explicou Nogueira à GloboNews.

O prefeito definiu como "dramática" a situação dos estoques nos municípios desses medicamentos, utilizados para sedação e anestesia de pacientes graves de covid-19". Até a última sexta-feira (16), segundo Nogueira, "de 900 a 1.000" cidades sofriam com a falta de "kits intubação", em meio a um quadro generalizado de superlotação de UTIs.

Ele também comemorou a doação de 2,3 milhões de kits pelo Ministério da Saúde, mas disse ainda não saber como a distribuição desses medicamentos será feita, e reforçou a necessidade de seguir trabalhando para que não falte insumos a nenhum município.

"Ainda não tem uma distribuição de forma mais ampla, a gente não sabe como o Ministério vai fazer a distribuição para as cidades e para os estados. Mas já é um alento, embora eles não resolvam o problema definitivamente. Nós temos que continuar trabalhando para não faltar kit intubação. Ainda é muito grave a situação", completou.

O quadro é dramático. Pelo menos 900 a 1000 municípios, esse é o quadro que tivemos na sexta-feira [16], estão com problemas de kit intubação. As capitais, umas estão com a situação mais complexa, outras podem segurar aí por uma semana, 15 dias. Edvaldo Nogueira, prefeito de Aracaju (SE)

Falta de centralização

Edvaldo Nogueira ainda criticou o que chamou de falta de centralização nas ações de combate à pandemia pelo governo federal. Para o prefeito, o Ministério da Saúde deveria ter concentrado as medidas de restrição necessárias para conter o avanço da covid-19, e o grave quadro atual é resultado dessa ausência de coordenação.

"O município é a ponta do sistema [de saúde]", lembrou. "É o município que recebe o maior impacto, embora uma pandemia devesse ser tratada de maneira nacional. Infelizmente, na minha opinião, esse é o mal de origem, o pecado original. O governo deveria ter centralizado as ações no Ministério da Saúde, isso já foi amplamente discutido. Essa situação dramática é resultado desse pecado original", comentou.

Ele também criticou o fato de estados e municípios terem sido obrigados a negociar e tentar comprar vacinas por conta própria, uma vez que isso é atribuição do governo federal.

"Um fato inusitado foi nós termos que construir um consórcio com mais de 2 mil municípios para tentar comprar vacina. Uma responsabilidade que não é dos municípios, mas nós tivemos que fazer isso porque não poderíamos ficar de braços cruzados", defendeu-se. "Isso [compra de vacinas] demorou, agora o mundo tem pouca vacina e muita doença, muito doente, muita contaminação."

Sou prefeito pelo quarto mandato. Nunca vi, não imaginava na minha existência que pudesse chegar um momento desta natureza. Edvaldo Nogueira, prefeito de Aracaju (SE)