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Autoridades discutem circulação de cepa indiana; Pazuello deve voltar à CPI

Carlos Eduardo Lula, secretário de Saúde do Maranhão - Karlos Geromy/Governo do Maranhão
Carlos Eduardo Lula, secretário de Saúde do Maranhão Imagem: Karlos Geromy/Governo do Maranhão

Do UOL, em São Paulo

22/05/2021 16h28Atualizada em 22/05/2021 17h54

A notificação de infectados com a cepa indiana do coronavírus no Brasil levou autoridades brasileiras a discutir medidas para tentar barrar o avanço dessa variante no país.

O governo do Maranhão, Estado em que os primeiros casos da variante no país foram diagnosticados entre tripulantes de um navio vindo da África do Sul, está testando toda a equipe que atende esses viajantes e rastreando quem entrou em contato com eles.

De acordo com o secretário estadual de Saúde do estado, Carlos Lula, esses cuidados buscam evitar a disseminação da cepa indiana, considerada de alta transmissibilidade e ainda com seus efeitos sendo pesquisados.

"Não podemos ter uma terceira onda com uma variante dessa, por isso toda nossa preocupação para evitar transmissão local", disse.

Hospitalizado no Maranhão, um dos viajantes diagnosticados com a variante indiana precisou ser intubado hoje. O paciente é um dos tripulantes do navio Shandong da Zhi, que veio da África do Sul, fretado pela Vale para transportar minério de ferro. Dos 24 passageiros, apenas nove não foram diagnosticados com covid-19.

De acordo com Lula, os outros tripulantes permanecem com sintomas leves ou assintomáticos. Eles seguem no navio e estão sendo monitorados por uma equipe da secretaria de Saúde.

Em entrevista à CNN na tarde de hoje, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disse que não há transmissão local da cepa indiana no estado e que todos os profissionais do hospital estão vacinados. No entanto, alertou que é "questão de tempo" para que a cepa indiana passe a circular em todo o país.

"Temos uma situação desafiadora, mas não temos qualquer sinal de que além desse paciente nós venhamos a ter outra pessoa com a cepa indiana. Mas o Brasil é grande e não tem controle sanitário em aeroportos e portos, por isso acredito que lamentavelmente é uma questão de tempo até que a cepa indiana também esteja circulando no Brasil", afirmou Dino.

Barreiras sanitárias em SP

Em São Paulo, o secretário municipal de Saúde da Capital, Edson Aparecido, apresentou hoje ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, uma proposta para instituir controle sanitário de rodovias para tentar impedir o alastramento desenfreado da variante asiática.

Caso seja aprovado, o plano será operacionalizado com apoio do Ministério da Saúde e da PRF (Polícia Rodoviária Federal). A ideia é promover triagens a partir de blitz sanitárias em estradas sob gestão federal e em outros pontos. Alguns locais já foram definidos, como o Terminal Rodoviário do Tietê e as rodovias Fernão Dias e Presidente Dutra.

Essas triagens devem buscar pessoas sintomáticas, com aferição de temperatura. Os passageiros detectados seriam levados para unidades de urgência da região para se submeter a testes do tipo RT-PCR. Caso o exame dê positivo para covid-19, haverá a recomendação para isolamento.

Em entrevista à GloboNews, Edson Aparecido disse que a proposta também inclui a exigência de testes negativos para covid-19 do tipo RT-PCR para passageiros vindos de locais em que foram detectadas a variante indiana, como o estado de Maranhão e a Argentina.

Em entrevista à GloboNews, Edson Aparecido disse que Marcelo Queiroga viu o plano paulistano com "bons olhos". Segundo o secretário, o ministro da Saúde sinalizou que gostaria de aplicar as ideias nacionalmente.

"Sabemos que o caso com a cepa indiana foi detectado rapidamente, mas temos que manter o acompanhamento dos pacientes infectados e das pessoas que tiveram contato com eles, incluindo os profissionais de saúde que atenderam essas pessoas", disse Queiroga, em nota divulgada pelo Ministério da Saúde. "Considerando que São Paulo é a maior cidade do país e Guarulhos é o maior aeroporto, devemos reforçar a vigilância para que essa variante não se espalhe pelo Brasil", afirmou o ministro.

Pazuello volta à CPI

Enquanto isso, o antecessor de Queiroga no ministério, Eduardo Pazuello, pode ser reconvocado pela CPI da Covid para prestar um novo depoimento. O assunto deve ser decidido na sessão deliberativa de quarta-feira (26).

Em entrevista ao programa Grupo Prerrogativas, da Rede TVT, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que Pazuello mentiu nos depoimentos prestados na última semana, aproveitando-se de um habeas corpus concedido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski.

"Ele estava com um habeas corpus debaixo do braço que permitia que ele falasse o que ele quisesse e que nada poderia acontecer com ele. Por isso ele está sendo reconvocado. Vai ser reconvocado quarta-feira", disse.

Apesar da afirmativa de Aziz, o requerimento ainda será analisado e votado pelo plenário da comissão. Como a oposição e os críticos do governo Jair Bolsonaro (sem partido) têm maioria, há expectativa de que o pleito seja aprovado.