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Mulher pega covid pela 3ª vez no litoral de SP: "A médica não acreditou"

Rebeka está de quarentena após terceiro diagnóstico de covid-19 - Arquivo pessoal
Rebeka está de quarentena após terceiro diagnóstico de covid-19 Imagem: Arquivo pessoal

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

17/07/2021 04h00

Não era só uma gripe. Também não foi um resfriado na segunda vez e nem na terceira. Nas últimas três vezes em que precisou procurar um hospital porque tinha febre e dores no corpo, a cozinheira Rebeka Araújo Pereira, 36, recebeu o mesmo diagnóstico: covid-19.

O resultado triplo não surpreendeu apenas Rebeka, mas também a médica: "Como não estava com os outros exames, ela achou que era mentira", contou Rebeka ao UOL.

A cozinheira, no entanto, guardou todos os exames do tipo RT-PCR —o mais preciso— e mostrou ao UOL. Os testes positivos datam de:

  • 5 de dezembro de 2020,
  • 6 de abril de 2021, e
  • 5 de julho de 2021.

Uma semana sem paladar

Rebeka conta que tomava todas as precauções, saindo de casa só para ir ao supermercado e trabalhar. Mesmo com máscara e higienizando as mãos frequentemente, acabou contaminada e sentiu os sintomas em 25 de novembro. "Já era noite quando fiquei com muita febre. Foram três dias com dores no corpo", conta.

No dia seguinte, procurou um hospital de campanha na cidade de São Vicente, no litoral paulista, onde mora. "Fiz o exame PCR, mas a médica disse que demorava 15 dias pra ficar pronto, então me mandou pra casa de quarentena", lembra. Quando o isolamento acabou, ela não foi buscar o exame, e voltou a trabalhar. Três meses depois, voltou a sentir uma dor de cabeça persistente.

"Fui trabalhar mesmo assim, mas queimei a carne e uma colega precisou me avisar: 'tá queimando!'. Como não havia tomado café naquele dia, foi só nessa hora que percebi que não estava sentindo nem cheiro e nem gosto."

Rebeka, então, correu para uma UPA (Unidade Básica de Saúde) fazer novo exame. "Mesma coisa: quarentena e 15 dias para pegar o resultado", lembra.

Dessa vez, Rebeka decidiu buscar o exame após o período de isolamento. Ao chegar na UPA, a enfermeira informou o diagnóstico positivo e perguntou se ela já tinha feito algum teste no passado pela prefeitura, pois havia um exame em seu nome, de dezembro, também indicando que ela teve covid.

Dessa vez fiquei uma semana sem sentir gosto, uma coisa horrível. Fazia comida, mas não sentia sabor de nada."

Positivo de novo?

Rebeka mudou de emprego há cerca de um mês. Há algumas semanas, voltou a se sentir mal em uma noite de domingo. "Era minha folga. Tive muita febre, dor de cabeça, dor no corpo e, dessa vez, meu estômago doía. Parecia que tinha um bicho na boca do estômago, ficava roncando, mas não era fome."

Assim que soube, a empresa contratante encaminhou Rebeka para realizar um novo exame PCR —que deu positivo, para sua surpresa.

São Vicente já começou a imunização de menores de 30 anos. Mas, em quarentena, a cozinheira até agora não se vacinou." A médica pediu para esperar 30 dias depois de me recuperar", diz ela, que não vê a hora de chegar sua vez.

Eu vou vacinar porque talvez eu seja mais propensa a pegar covid. Vai que acontece pela quarta vez."

Sistema imunológico mais fraco?

A propensão maior de Rebeka para se contaminar também é o palpite do infectologista Noaldo Lucena, da Fundação de Medicina Tropical de Manaus. De acordo com ele, "é uma pessoa que deveria ter sido vacinada o mais rápido possível, porque talvez seu sistema imunológico tenha alguma deficiência que a torna mais sensível ao coronavírus".

"Cada sistema imunológico é único. Mesmo os de gêmeos univitelinos são diferentes", afirma. "Algumas pessoas são naturalmente resistentes a algumas doenças, como aquelas que não contraem HIV. Já outras são mais frágeis do que a média geral."

O médico, que se infectou duas vezes por covid, diz que não basta ter anticorpos após a infecção. "Eles precisam ser eficientes: são os anticorpos neutralizantes, que devem existir em quantidade suficiente para combater o vírus", explica. "Isso também é individual."

Lucena diz ainda que os sintomas costumam ser mais leves nas reinfecções. Rebeka conta que a primeira vez foi a mais difícil de todas, quando ficou de cama por três dias.

Eu conheço pessoas que morreram de covid, gente da minha família. Agradeço todos os dias por estar viva. Não é como uma gripe. A covid é forte, te derruba."

Na quinta-feira (15), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que está com covid-19 pela segunda vez, mesmo após tomar duas doses da vacina. A mesma situação ocorreu com a apresentadora Ana Maria Braga.

Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde de julho, o primeiro caso de reinfecção por covid-19 foi identificado em dezembro do ano passado, quando um morador do Rio Grande do Norte foi contaminado novamente na Paraíba. Desde então, "foram registrados 37 casos de reinfecção no país em 12 unidades federadas".

Já um estudo da Universidade Federal de Sergipe indica que o primeiro caso ocorreu em julho do ano passado —seria uma profissional de saúde de Aracaju. O intervalo entre o primeiro e o segundo contágio foi de 54 dias, por uma variante do vírus.

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