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Fiocruz: Rio tem 96% de UTIs de covid ocupadas e destoa das outras capitais

Leitos para covid-19 em Maricá (RJ) - Ayra Rosa / Prefeitura de Maricá
Leitos para covid-19 em Maricá (RJ) Imagem: Ayra Rosa / Prefeitura de Maricá

Lola Ferreira

Do UOL, no Rio

25/08/2021 17h51Atualizada em 25/08/2021 22h17

O Rio de Janeiro é hoje a capital brasileira com a pior taxa de ocupação de UTIs para covid-19 da rede pública, com 96% dos leitos ocupados na última semana. Atrás do Rio, está Boa Vista (RR) com 84% dos leitos desse tipo ocupados.

A conclusão é do Boletim Covid, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), em edição extraordinária publicada hoje. Apesar do índice alarmante da capital fluminense, o boletim aponta no sentido de diminuição de quadros graves e uma consequente melhora do quadro pandêmico no país.

Isso porque todo o restante das capitais tem um cenário melhor em relação à ocupação dos leitos para tratamentos mais graves. Entre 60% e 80% de ocupação estão: Belo Horizonte (64%), Curitiba (72%), Goiânia (73%) e Brasília (63%).

O restante tem 59% ou menos, indo de Porto Alegre —com 59%— a Rio Branco com 8%.

As outras capitais são: Aracaju (45%), Belém (35%), Campo Grande e Fortaleza (49%), Cuiabá (56%), Florianópolis (18%), João Pessoa (16%), Macapá (23%), Maceió (23%), Manaus (44%), Natal (39%), Palmas (37%), Porto Velho (26%), Recife (43%), Salvador (26%), São Luís (54%), São Paulo (38%), Teresina (42%) e Vitória (39%).

Considerando todo o estado do Rio de Janeiro, a Fiocruz avalia que a recente movimentação para abertura de mais leitos, diante do avanço da variante delta do coronavírus, não se reflete nos números. O estado tem 69% dos leitos públicos de UTI para pacientes com covid ocupados, o que o coloca na zona considerada de "alerta intermediário".

Por isso, o documento avalia que —apesar da taxa de ocupação da capital fluminense— o avanço da delta ainda não se traduziu em hospitalizações que necessitem de cuidados intensivos no restante do estado.

Reforço vacinal diante do avanço da delta

Mesmo assim, a fundação chama a atenção para o avanço da delta e afirma que o cenário pode mudar nas próximas semanas. O documento atribui ao grande número de idosos no Rio de Janeiro, principalmente na capital, a necessidade de mais atenção aos próximos números.

"O benefício inicial da vacinação, ocorrida ainda entre os meses de janeiro e fevereiro, pode vir se reduzindo, em razão das características imunológicas desse grupo", traz o texto.

Hoje, o UOL mostrou como fatores biológicos, aliados a poucas medidas de restrição, expõem pessoas idosas ao vírus e a um contágio mesmo já vacinados.

Especialistas em saúde explicam que, em um cenário ideal com todos vacinados, os idosos sempre serão os principais alvos da doença, em razão da baixa imunidade.

A dose de reforço é apontada por eles como uma medida importante, diante dessa imunidade, e também é motivo de alerta da Fiocruz no boletim de hoje. O documento aponta a discussão que tem sido feita em outros países, mas destaca que "no Brasil, cabe equacionar os objetivos de manter protegidos com a vacinação grupos mais vulneráveis e ampliá-la para adolescentes e crianças".

Hoje, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou a aplicação da terceira dose da vacina contra a covid-19 a partir do dia 15 de setembro em idosos com mais de 70 anos e imunossuprimidos. Mas ontem, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), já havia anunciado que na capital a aplicação de reforço começa na próxima quarta-feira (1º) para idosos que estão em instituições de longa permanência.

Em São Paulo, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), confirmou tem planos de começar a aplicação de reforço a partir de 6 de setembro em idosos, mas não citou imunossuprimidos.

Queda nos índices gerais

O boletim da Fiocruz também mostra uma tendência de queda nos índices de óbitos por covid em todo o Brasil. De acordo com o documento, a semana analisada —de 15 a 21 de agosto— viu uma redução no número de mortes, que vem caindo a uma taxa de 1,5% ao dia.

Em relação aos casos, o número oscila: depois de uma redução de 1% ao dia na semana anterior, o período analisado registrou um aumento de 0,6% ao dia. A Fiocruz atribui a oscilação a um ambiente propício à doença, com alta circulação de pessoas.