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Órgão que fiscaliza Saúde recomenda que vacinação em adolescentes continue

Do UOL, em São Paulo

17/09/2021 23h23

O CNS (Conselho Nacional de Saúde) recomendou hoje ao Ministério da Saúde que mantenha a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos no PNI (Plano Nacional de Imunização) contra a covid-19.

O CNS é uma instância colegiada e permanente do SUS (Sistema Único de Saúde), integrante da estrutura organizacional do Ministério da Saúde. O órgão é responsável por fiscalizar e deliberar ações da pasta, além de aprovar o orçamento da Saúde e acompanhar a sua execução.

A recomendação do conselho considera a Nota Informativa do Ministério da Saúde, que pede a suspensão da necessidade de vacinação para o público desta faixa etária, após rumores de que teria ocorrido a morte de um jovem vacinado com imunizante da Pfizer. Até o momento, diz o CNS, não há qualquer comprovação de relação da morte do jovem com a vacina contra a covid-19.

O relatório do CNS diz que a vacinação, "além de ser a melhor evidência para que seja conferida a redução de casos e óbitos decorrentes da covid-19, e de ser um direito da população brasileira, ainda não atingiu o alcance necessário para uma situação epidemiológica controlada".

O documento também alerta que "apesar da curva desses casos e óbitos estarem em decréscimo, a taxa de transmissibilidade ainda é elevada em vários locais do país, principalmente em virtude do surgimento de novas variantes do vírus".

O CNS também considera a Nota Informativa, publicada hoje pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em que diz que, "com os dados disponíveis até o momento, não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações da bula aprovada, destacadamente, quanto à indicação de uso da vacina da Pfizer na população entre 12 e 17 anos".

Pfizer não foi causa da morte de jovem, diz SP

A Secretaria de Saúde de São Paulo concluiu hoje o diagnóstico de doença autoimune em uma adolescente, de 16 anos, que morreu sete dias depois de ser vacinada contra a covid-19. O caso ocorreu em São Bernardo do Campo (SP).

Segundo o relatório da Secretaria, os boletins apontam que causa da morte, provavelmente, está ligada à doença autoimune e não à vacina contra o coronavírus. A jovem sofria de PPT, ou Púrpura Trombótica Trombocitopênica.

A condição é rara e grave, ainda não é possível rastrear o que causa a doença e nem como ela é desencadeada. "Não há como atribuir relação causal entre PTT e a vacina contra covid-19 de RNA mensageiro, como é o caso da Pfizer", disse a Secretaria. O relatório foi submetido à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Anvisa segue investigação

Cerca de três horas após a nota divulgada pelo governo de São Paulo, a Anvisa afirmou que continuará investigando o caso.

"Mesmo com a divulgação da Nota Informativa pelo Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo, que conclui não ser possível atribuir diretamente o óbito à vacinação, a Anvisa participará de ação de campo nos próximos dias, representada por servidor especializado em ações de farmacovigilância e em conjunto com as autoridades locais de saúde, para obter mais informações sobre a investigação do evento", comunicou, em seu site.

Mais cedo, o órgão federal se reuniu com representantes da Pfizer para tratar da suspeita lançada sobre a vacina com o ocorrido.

A agência manteve a orientação para que a vacina da Pfizer seja aplicada em adolescentes. "Até o momento, os achados apontam para a manutenção da relação benefício versus o risco para todas as vacinas autorizadas no Brasil, ou seja, os benefícios da vacinação excedem significativamente os seus potenciais riscos."

Crítica ao ministério da Saúde

A Secretaria de Saúde de São Paulo falou que a morte da jovem de São Bernardo do Campo "foi divulgado ontem de forma intempestiva pelo Ministério da Saúde em coletiva de imprensa". O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez uma coletiva ontem para recomendar a suspensão da vacinação de adolescentes sem comorbidades.

O secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, afirmou que foram registrados cerca de 1.500 episódios dentre esses 3,5 milhões de adolescentes vacinados. Desses, a maioria é leve, mas Medeiros citou a morte dessa jovem paulista como motivo de alerta.

Apesar da nova posição do ministério, ao menos 16 capitais e o Distrito Federal seguem vacinando pessoas de 12 a 17 anos sem comorbidades. A Anvisa aprovou o uso da Pfizer para essa faixa etária e reforçou ontem a segurança do imunizante.