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Jornal: Neto acusa que após morte de avô, Prevent não diz se usou kit covid

A unidade do Butantã do Hospital Sancta Maggiore, da rede Prevent Senior - Henrique Santiago/UOL
A unidade do Butantã do Hospital Sancta Maggiore, da rede Prevent Senior Imagem: Henrique Santiago/UOL

Do UOL, em São Paulo

24/09/2021 10h52Atualizada em 24/09/2021 11h53

O advogado Leandro Vusberg denuncia que meses após a morte de seu avô, o PM aposentado Carlos Vusberg, a rede Prevent Senior não divulgou o prontuário médico do idoso, já solicitado formalmente na época da morte. A família, que deseja saber se a vítima recebeu o "kit covid" e qual a causa exata do óbito, ainda acusa a operadora de manter o idoso com os braços e pernas amarrados em um dos hospitais da operadora. As informações são do Jornal O Estado de São Paulo.

Em comunicado enviado ao UOL (confira a íntegra abaixo), a Prevent afirmou que não pode divulgar detalhes do tratamento de pacientes. No entanto, a operadora explicou que a amarração ocorre em "alguns pacientes, [que] em situação extrema de agitação, precisam ser submetidos à contenção física, com cintas, para que eles não caiam das camas ou se machuquem". A operadora ainda comunicou à reportagem que esses procedimentos "duram por pouco tempo e são informadas aos familiares".

A Prevent Senior virou alvo de investigações da CPI da Covid após a denúncia, veiculada pelo Estadão, de que 15 médicos que dizem ter trabalhado para a rede de saúde entregaram um dossiê à comissão do Senado. O documento apontou que a operadora supostamente pressionava seus médicos conveniados a tratar pacientes com substâncias do "kit covid", como hidroxicloroquina e ivermectina, contraindicadas para o tratamento da covid-19. A rede nega as acusações.

Segundo o neto, em 3 de abril a família recebeu a informação de que o idoso de 84 anos estava com máscara de oxigênio e era mantido com os braços e pernas amarrados em um dos hospitais da rede Sancta Maggiore, da Prevent Senior. O PM aposentado havia sido internado no local após ser diagnosticado com a covid-19 e mesmo estando com dificuldades para respirar e agitado, não teria recebido sedação por parte da equipe médica.

A família revelou ao jornal que o idoso recebeu alta da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital, mesmo sem a aparente melhora, e foi levado ao quarto. Dois dias após receber saber da amarração do idoso, a família foi informada da morte de Vusberg.

Hoje, em razão da repercussão das denúncias contra a operadora, a família do idoso se pergunta se ele foi uma das possíveis "cobaias" do uso do chamado kit covid no hospital e quer saber a causa exata da morte. Por isso, os familiares pedem que a Prevent Senior compartilhe o prontuário médico do idoso que, segundo eles, já havia sido solicitado na ocasião da morte, mas que não obtiveram retorno.

Inclusive, os parentes de Vusberg afirmaram estar dispostos a entrar na Justiça para que a operadora conceda o prontuário médico do idoso para saber como ocorreu o atendimento durante a internação dele na rede.

Quadro médico

Segundo Leandro, o idoso foi internado na operadora pela primeira vez em outubro de 2020 após ficar "sem fôlego". Médicos suspeitaram do diagnóstico positivo para a covid 19, no entanto, antes mesmo do resultado do exame, ele foi levado para uma UTI voltada apenas para os pacientes positivados. Posteriormente, o resultado deu negativo para a doença e ele foi transferido para o quarto, recebendo alta em novembro.

"Lembro de ele [Carlos] estar desesperado e falar: 'Me tirem daqui. Se eu não estiver com covid, agora vou ficar'. Quando saiu o resultado, dois dias depois, ele foi transferido [para o quarto]", disse o neto sobre a primeira internação.

À época da primeira ida ao hospital, a família afirma que não foi receitado nenhum medicamento do kit covid ao idoso, apesar do médico que atendeu Carlos ter sido questionado se não receitaria os remédios previstos no kit.

"O médico receitou alguns medicamentos, e a enfermeira virou e disse: 'Doutor, o senhor não vai receitar o kit covid?' Era como se estivesse lá para ver se o kit estava sendo receitado", relatou Leandro.

Nova internação e óbito

Após se sentir mal, Carlos voltou ao Sancta Maggiore e recebeu o resultado positivo para a covid-19 em fevereiro deste ano.

"Ele foi internado e ficou na UTI por dois dias. Depois, foi transferido para um quarto. A gente não entendeu por que ele tinha saído da UTI se não tinha melhorado. Ele estava com dificuldade para respirar, mas não foi intubado, não foi sedado."

O advogado ainda disse ao Estadão que até hoje não sabe a razão de o avô ter sido amarrado na enfermaria.

O que diz a Prevent

Confira abaixo a nota completa da Prevent Senior enviada ao UOL para comentar o caso:

Não podemos fornecer detalhes de tratamentos de pacientes porque tais dados são protegidos por sigilo. Mas, no que diz respeito ao "amarrado", é preciso esclarecer que alguns pacientes, em situação extremas de agitação, precisam ser submetidos à contenção física, com cintas, para que eles não caiam das camas ou se machuquem. É uma medida para casos extremos, para evitar riscos à saúde e à vida do paciente.

Estas cintas são almofadadas e não geram qualquer tipo de ferimentos. Estas contenções, quando necessárias, duram por pouco tempo e são informadas aos familiares.