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Eduardo Bolsonaro cita tosse e cansaço e indica que está usando cloroquina

Do UOL, em São Paulo

24/09/2021 19h49Atualizada em 24/09/2021 23h48

Após anunciar diagnóstico positivo para covid-19, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), relatou cansaço e tosse devido à doença e indicou ter iniciado o tratamento com cloroquina.

Medicamentos usados para o chamado tratamento precoce, como é o caso da cloroquina, e defendidos por apoiadores do governo Bolsonaro são considerados ineficazes por cientistas e órgãos de Saúde mundo afora. O próprio Ministério da Saúde do Brasil já admitiu a sua ineficácia em documentos enviados à CPI da Covid, em julho.

"Tô me tratando [da covid]. Vocês devem imaginar com o que... O médico receitou. E, de ontem para hoje, eu já estou me sentindo muito melhor. Obviamente estou com coriza, um pouco cansado, mas sem febre. Mas de agora em diante, depois de iniciar o tratamento, a tendência é só melhorar", disse o deputado, durante transmissão de live divulgada em suas redes sociais, na noite de hoje.

"Hoje em dia, muita gente já teve covid. Não é nada de excepcional (...) E tem determinadas coisas que são incríveis, mas a gente não pode falar. É quase um regime talibanês em que você falar algumas coisas como, por exemplo, o que você está tomando, é capaz desse *inaudível* cair", completou o parlamentar, referindo-se ao regime extremista do Talibã.

Eduardo Bolsonaro integrou a comitiva do presidente Bolsonaro que viajou a Nova York (EUA) para participar da 76ª Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Ele, que se vacinou com a primeira dose da Pfizer no mês passado, anunciou o teste positivo na manhã de hoje e permanece isolado.

Ao todo, três pessoas (entre 18) da comitiva presidencial testaram positivo: além do deputado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga e um diplomata que ajudou a organizar a viagem, também contraíram a doença.

Nesta sexta-feira (24), os ministros Bruno Bianco, da AGU (Advocacia-Geral da União) e Tereza Cristina, da Agricultura, que não estiveram na viagem, mas que circularam em ambientes nos quais estiveram integrantes da comitiva, também confirmaram que estão com o novo coronavírus.

Discurso contra passaporte sanitário

Durante a transmissão da live, Eduardo Bolsonaro também fez discurso contrário ao passaporte sanitário —comprovante individual de que a pessoa tomou vacina contra a covid-19 ou testou negativo para a doença.

"Não existe o por quê você exigir que as pessoas se vacinem. Isso é um total contrassenso. Assim como é contrassenso você exigir um passaporte sanitário. O Marcelo Queiroga poderia entrar em qualquer restaurante, por exemplo, e acabou infectado. Sabe-se lá quanto tempo ele esteve infectado. Enquanto que Jair Bolsonaro, que, ao menos em tese, mesmo tendo os anticorpos lá na lua, não podia entrar. Então que sentido tem uma norma dessa?", afirmou o parlamentar.

Em seguida, Eduardo Bolsonaro relembrou que tomou a primeira dose da Pfizer —a segunda está prevista para novembro.

"Eu tomei uma dose da Pfizer. Não me arrependo. As pessoas dizem 'ah, mas não adiantou nada'. Olha, não sei, talvez... no meu corpo não tenha adiantado. No corpo de outras pessoas, tenha."

Especialista contesta Eduardo

O UOL Confere mostrou hoje que a vacina contra a covid-19, conforme explicado em diversas reportagens e checagens, não impede o indivíduo de se infectar ou transmitir o vírus, mas reduz as chances de hospitalização e morte pela doença.

"O fato de isso acontecer não pode nos impedir de tomar uma medida de controle", afirma ao UOL Confere o advogado e médico sanitarista Daniel Dourado, pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) e da Universidade de Paris.

Dourado diz que o argumento de Eduardo, também utilizado pelo pai na live de ontem, apresenta a mesma lógica para criticar o uso de máscaras ou a aplicação de vacinas. "São medidas complementares, estamos acrescentando camadas de controle", afirma.

A adoção do passaporte na França "salvou o turismo" no país durante o verão, acrescenta ele, mencionando a relativa estabilidade de hospitalizações mesmo com a chegada de milhares de turistas estrangeiros nos meses de julho e agosto.