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Butantan rebate Saúde após pasta afirmar cogitar excluir CoronaVac em 2022

Segundo o Ministério da Saúde, CoronaVac tem "baixa efetividade" em pessoas acima de 80 anos - Aloisio Mauricio/FotoArena/Estadão Conteúdo
Segundo o Ministério da Saúde, CoronaVac tem 'baixa efetividade' em pessoas acima de 80 anos Imagem: Aloisio Mauricio/FotoArena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

08/10/2021 10h49Atualizada em 08/10/2021 12h17

Após o Ministério da Saúde afirmar à CPI da Covid que é "possível" que a CoronaVac seja, em 2022, descontinuada do plano de imunização contra a covid-19 coordenado pela pasta, o Instituto Butantan emitiu nota para rebater os argumentos da pasta.

O instituto, parceiro do laboratório chinês Sinovac na produção da CoronaVac, disse que a vacina "tem sua efetividade comprovada em pessoas acima de 80 anos em estudos que estão sendo divulgados frequentemente em publicações de relevância internacional".

Ao levantar a possibilidade de descartar a CoronaVac dos planos da pasta, o Ministério da Saúde disse que a vacina da Sinovac tem "baixa efetividade" na população acima de 80 anos, além de não possuir registro definitivo na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

"A informação [repassada pelo Ministério da Saúde] é equivocada, já que todas as pessoas idosas tem resposta imune inferior a outras faixas etárias, o que ocorre com todos os imunizante", rebateu o Butantan.

Em agosto, um estudo preliminar publicado na plataforma medRxiv mostrou que, no Brasil, a CoronaVac tem, respectivamente, 72,6%, 74,2% e 74% de eficácia contra hospitalização, internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e morte por covid-19.

O estudo, coordenado por pesquisadores de instituições brasileiras e da London School of Hygiene & Tropical Medicine, analisou dados de 60,5 milhões de brasileiros vacinados entre 18 de janeiro e 30 de junho.

O imunizante da farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca, também em uso no Brasil e com registro definitivo na Anvisa, também foi observado no estudo, tendo apresentado efetividades maiores: de 86,8% (hospitalização), de 88,1% (UTI) e 90,2% (morte).

Os dados do estudo, porém, apontaram uma redução na eficácia de ambas as vacinas para quem tem 80 anos ou mais, segundo os pesquisadores envolvidos no estudo.

A AstraZeneca se mostrou altamente eficaz contra casos graves até os 89 anos, enquanto o teto da CoronaVac se mostrou mais baixo: até os 79 anos, de acordo com pesquisadores.

  • Entre 80 e 89 anos: AstraZeneca mostrou efetividade de 91,2% contra mortes; já a CoronaVac, 67,3%;
  • Acima de 90 anos: AstraZeneca mostrou efetividade de 70,5% contra mortes; já a CoronaVac, 35,4%.

O estudo foi citado no comunicado do Butantan, mas com dados de um intervalo etário maior, entre 60 e 89 anos, em que a CoronaVac apresentou efetividade de 84,2% (hospitalização), 80,8% (UTI) e 76,5% (morte), de acordo com o instituto.

Sobre o argumento de a CoronaVac ainda não possuir registro definitivo na Anvisa, o Butantan disse que "já enviou o estudo com parte dos dados" requisitados pela agência sanitária "para que a vacina receba autorização de uso definitivo".

A Anvisa, segundo o Butantan, solicitou mais dados ao instituto. Sendo assim, foi feito um acordo com a Sinovac para que "análises complementares" sobre o imunizante "sejam realizadas em parceria com o laboratório".

Atualmente, há quatro vacinas aprovadas no Brasil: a da farmacêutica americana Pfizer, a da AstraZeneca, a da farmacêutica belga Janssen e a CoronaVac. As duas primeiras já possuem registro definitivo, enquanto as duas últimas seguem apenas com o uso emergencial aprovado.