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Queiroga diz ser contra obrigar uso de máscara e compara com preservativo

Do UOL, em São Paulo

08/10/2021 14h55Atualizada em 08/10/2021 20h30

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, comparou hoje o uso de máscaras de proteção contra a covid-19 com o uso de preservativos para evitar ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). Ele reforçou que é a favor do uso das máscaras, mas que é contrário às leis que obrigam o uso do equipamento, comparando a situação a uma hipotética lei que obrigaria o uso de preservativos.

"Por exemplo, preservativos. Diminui doença sexualmente transmissível. Eu vou fazer um lei para obrigar as pessoas a usarem preservativos? Imagina!", disse, durante coletiva de imprensa.

Mais cedo, cumprindo agenda no Piauí, Queiroga já havia se posicionado contra esse tipo de lei. Ele respondeu a jornalistas que é "absolutamente contrário" a leis que instituem o uso obrigatório de máscaras e a apresentação de comprovante de vacinação para entrar em alguns locais, o chamado "passaporte da vacina".

"Essa história de lei para obrigar qualquer coisa é absurda, primeiro que não funciona. O que temos que fazer é as pessoas aderirem às recomendações sanitárias, o cuidado é individual, o benefício é de todos", declarou. "Passaporte disso, passaporte daquilo, a população brasileira em breve vai estar toda vacinada."

Ele continuou, chamando os decretos que obrigam essas medidas de "legislorragia inútil". "Absolutamente contrário a essas leis", disse. "Não precisa de lei mandar fazer, nós já temos. Parar com essa mania de legislorragia inútil, usa máscara, tem que trocar a máscara de quanto em quanto tempo, como eu fiscalizo isso? A gente precisa é conscientizar as pessoas e parar com essa história de dividir a população brasileira."

Essa não é a primeira vez que Queiroga critica ações semelhantes. No mês passado, ele já havia dito que o passaporte da vacina "não ajuda em nada". "Somos contra isso. O povo brasileiro é livre, queremos que as pessoas exerçam de acordo com sua consciência", afirmou.

Há pouco, o país ultrapassou o marco fúnebre de 600 mil mortes por covid-19.

Um boletim publicado ontem pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recomendou prudência e a manutenção do uso de máscara e medidas preventivas, como higienização das mãos, distanciamento social e uso de álcool gel, até que ao menos 80% da população esteja completamente vacinada.

Até ontem, 45,57% dos brasileiros receberam as duas doses do imunizante.

A instituição também já afirmou em boletim que o passaporte da vacina é uma "importante estratégia" para estimular e ampliar a imunização no Brasil, e recomendou a adoção da iniciativa em todo o território nacional. Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro já exigem a comprovação para entrar em determinados locais.

A medida também é exigida na União Europeia, em Israel e na Coreia do Sul.

Queiroga na CPI

Ontem, a CPI da Covid aprovou convocar o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para depor à comissão pela terceira vez. Ele deve ser pressionado a esclarecer temas como a interrupção (já revogada) da vacinação para adolescentes no país e a retirada de pauta de um parecer sobre a cloroquina em reunião da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Serviço Nacional de Saúde).

O ministro também deve ser cobrado a explicar a possibilidade de retirar da campanha de imunização em 2022 a CoronaVac —vacina produzida pelo Instituto Butantan (SP) em parceria com o laboratório chinês SinoVac.

Na terça, a CPI aprovou um requerimento que exigia de Queiroga um posicionamento a essas questões em até 48 horas. Foi uma alternativa para que ele não precisasse voltar a depor presencialmente na CPI, mas os senadores não obtiveram resposta.