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Bolsonaro contraria Anvisa e chama passaporte da vacina de 'coleira'

"Prefiro morrer que perder minha liberdade", disse Bolsonaro, que sempre foi contra o passaporte da vacina - Anderson Riedel/PR
"Prefiro morrer que perder minha liberdade", disse Bolsonaro, que sempre foi contra o passaporte da vacina Imagem: Anderson Riedel/PR

Do UOL, em São Paulo

07/12/2021 17h36Atualizada em 07/12/2021 18h50

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar hoje a exigência de vacinação contra a covid-19, chamando o passaporte sanitário de "coleira", o que contraria recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Ele negou, contudo, que seja contra a vacina, argumentando que o governo comprou "milhões" de doses.

O passaporte da vacina já é adotado em algumas cidades como forma de permitir a reabertura de bares, restaurantes, cinemas e outros estabelecimentos de forma segura. Recentemente, devido à preocupação com a variante ômicron do coronavírus, a Anvisa também sugeriu que o governo federal exija a vacinação contra a covid-19 para entrada no Brasil, como já fazem muitos países.

"Vemos uma briga enorme aqui agora sobre passaporte vacinal. Quem é favorável não se esqueça: amanhã alguém pode impor algo para você que você não esteja favorável", disse Bolsonaro durante cerimônia de assinatura dos contratos do leilão do 5G. "A gente pergunta: por que o passaporte vacinal? Essa coleira que querem botar no povo brasileiro... Cadê nossa liberdade? Prefiro morrer que perder minha liberdade."

Não sou contra a vacina, porque nós compramos mais de 600 milhões de doses. [Mas] a nossa liberdade não tem preço. E diz um velho ditado: quem abre mão de um pouquinho de sua liberdade por segurança, acaba ficando sem liberdade e sem segurança. Vamos todos respeitar a liberdade individual.
Jair Bolsonaro, em evento do leilão do 5G

Ontem, o governo decidiu cancelar em cima da hora uma reunião com representantes da agência reguladora marcada justamente para discutir um eventual aperto de restrições nas fronteiras. A agenda estava marcada para as 17h30, no Palácio do Planalto.

A desistência aconteceu após o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), dar 48 horas para que o Executivo explique por que dispensa a apresentação de comprovante de vacinação contra a covid-19 ou imposição de quarentena obrigatória a quem chega ao País, como recomenda a Anvisa.

Questionada pelo UOL, a Casa Civil não respondeu se a decisão de Barroso provocou o cancelamento da reunião.

Atualmente, para entrar no Brasil por via aérea, é necessário apresentar apenas um teste RT-PCR negativo para a covid-19 (ou o exame de antígeno feito no máximo 24 horas antes do embarque), além da Declaração de Saúde do Viajante, por meio da qual o passageiro concorda com as medidas sanitárias a serem cumpridas durante a estadia no país.

Críticas à Anvisa

Mais cedo, em discurso para representantes da indústria, Bolsonaro já havia demonstrado seu descontentamento com a recomendação da Anvisa para a adoção do passaporte da vacina. Ele também tentou minimizar o risco oferecido pela variante ômicron e, sem dados ou evidências que pudessem embasar sua declaração, disse que a pandemia estaria chegando ao fim. (Assista abaixo)

"Estamos trabalhando agora com a Anvisa, que quer fechar o espaço aéreo. De novo, p...? De novo vai começar esse negócio? Ah, a ômicron... Vai ter um montão de vírus pela frente. Um montão de variantes pela frente, talvez, peço a Deus que eu esteja errado. Mas temos que enfrentar", declarou.

Diferentemente do que disse Bolsonaro, as medidas recomendadas pela Anvisa não incluem fechamento de espaço aéreo, mas sim a adoção de restrições a voos vindos de mais quatro países da África: Angola, Malawi, Moçambique e Zâmbia. Outros seis — África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue — já estão com voos suspensos.

(Com Estadão Conteúdo)