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Estados retomam restrições e decretam emergência por altas de covid e gripe

18.jan.2021 - Ambulâncias em frente ao hospital 28 de Agosto, no bairro de Adrianópolis, em Manaus - Carlos Madeiro/UOL
18.jan.2021 - Ambulâncias em frente ao hospital 28 de Agosto, no bairro de Adrianópolis, em Manaus Imagem: Carlos Madeiro/UOL

Carlos Madeiro

Colaboração para UOL, em Maceió

12/01/2022 04h01

Cinco estados no Norte e Nordeste do país publicaram decretos nos últimos dias com medidas para restringir ou mesmo suspender eventos com aglomerações, além de outras ações por conta do avanço das epidemias de covid-19 e gripe. No Acre, o governo do Estado decretou situação de emergência na saúde pública.

Em meio ao apagão de dados do Ministério da Saúde, as medidas tentam conter o avanço de casos de covid-19 gerados pela variante ômicron, que causam superlotação nas unidades de saúde e internações em hospitais.

O primeiro estado a adotar regras para reduzir o público de eventos foi o Ceará, que ainda no último dia 5 anunciou a redução de público para 250 pessoas, em eventos em locais fechados; ou 500, para locais abertos. Por conta das medidas, vários shows marcados no estado foram cancelados ou remarcados.

No estado, houve alta de 216% nos casos de covid-19 na primeira semana de janeiro, em comparação à média de dezembro: 3.157 contra 997.

Na sexta-feira passada foi a vez do Amazonas publicar um decreto suspendendo a realização de grandes eventos em todo o estado e limitando o público máximo para apresentações a, no máximo, 200 pessoas. A medida vale por tempo indeterminado.

"Nossas decisões estão sempre pautadas nos nossos indicadores, e eles mostram que devemos recuar em algumas medidas, para que a gente consiga enfrentar essa tendência de crescimento", disse o governador Wilson Lima (PSC).

O estado está novamente enfrentando uma alta explosiva no número de casos de covid-19. Somente ontem, registrou 1.219 novos exames positivos —o maior desde abril. Para efeito de comparação, sete dias antes, esse número era de 88.

Na segunda-feira foi a vez de Pernambuco e Bahia anunciarem também novas medidas, com uma semelhança: eventos nos dois estados só podem ter 50% da capacidade do local e, no máximo, 3 mil pessoas. Todas os participantes devem comprovar esquema vacinal completo.

Na Bahia, a exigência de vacinação agora se estende também para bares e restaurantes. Na segunda-feira, o estado confirmou a disseminação da variante ômicron.

"Estamos vendo uma elevação do número de positivos covid-19. Nós vínhamos com uma média de 2 mil casos ativos [em 2021]. Passamos agora a 4.467", disse Tereza Paim, secretária de Saúde da Bahia.

Em Pernambuco, o decreto endureceu outras regras. O passaporte da vacina passa a exigir a dose de reforço para pessoas a partir de 55 anos. Em caso de encontros com mais de 300 pessoas, será exigida a apresentação de um teste negativo para covid-19. Em restaurantes, bares e lanchonetes, a quantidade de pessoas por mesa não pode passar de 20.

"Os eventos deste fim de semana já devem se adequar às novas regras. Para garantir que todas sejam cumpridas, vamos reforçar a fiscalização", disse o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo.

O estado enfrenta uma lotação de unidades de saúde, que em 20 dias abriu 480 novos leitos, sendo 213 de UTI (unidade de terapia intensiva).

No Acre, ontem, o governador Gladson Cameli (PP) decretou emergência alegando superlotação das unidades estaduais por conta do "surto de síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave (Srag)" no estado. Também foram suspensas todas as agendas públicas que envolvam presença de público.

O levantamento das coletas de dados das unidades estaduais de saúde apresentaram cerca de 13 mil atendimentos de casos suspeitos de síndrome gripal só no mês de dezembro, o que ocasionou num aumento exponencial da procura das unidades de saúde. Também considerada a superlotação por internações referentes à síndrome gripal em todo o estado, com aumento na taxa de internação de 120%."
Governo do Acre

Cidades também adotam restrições

Nos estados onde ainda não há novos decretos, prefeituras também já adotaram medidas para conter o avanço do coronavírus e da Influenza.

Ontem, após reunião com o comitê científico, a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), decidiu suspender todos os eventos em espaços públicos, incluindo o festival cristão Palmas Capital da Fé e o Carnaval. A medida se deve ao expressivo aumento de casos não só de covid-19 e influenza, mas também de dengue.


Em Capão da Canoa, um dos municípios com maior alta de casos de covid-19 no Rio Grande do Sul, a prefeitura decidiu suspender todos os eventos promovidos por ela este mês. Mesma medida tomou a prefeitura de Torres (RS).

A cidade de Barra de São Miguel —principal balneário de Alagoas no litoral sul— decidiu cancelar eventos com maiores públicos na cidade. Mesmo caminho adotou a prefeitura de São João da Boa Vista (PR), que cancelou os eventos previstos para o mês de janeiro.

Em Mato Grosso, foi São José do Povo que publicou decreto determinando a proibição de todas as atividades que causem aglomeração por 15 dias.

Em Minas Gerais, Uberaba não só restringiu eventos e competições esportivas, como reduziu a 50% a capacidade de pessoas em supermercados, cinemas e igrejas. O distanciamento de 1,5 metro deve ser adotado por todos os bares e restaurantes —a ocupação não pode passar de oito pessoas por mesa. A Secretaria de Saúde disponibilizou um telefone (0800 340 0019) para atender a população de segunda a sexta, das 8h às 17h.

Para Flávio Fonseca, presidente da SBV (Sociedade Brasileira de Virologia), os surtos de gripe e a entrada em circulação da variante ômicron demandam resposta das autoridades para conter a realização de eventos.

"A gente está lidando com uma uma variante que é a mais infecciosa dentre todas conhecidas até agora, que mais se alastra e se alastra rapidamente", afirma.

Nessa condição -- em que você tem uma variante que escapa parcialmente dos anticorpos gerados por uma vacina --, esse tipo de aglomeração é totalmente despropositado e vai na contramão do controle da pandemia."
Flávio Fonseca, presidente da SBV