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Sem impacto após vacinação, mortes por AVC e infarto fecham 2021 estáveis

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

19/01/2022 04h00

O número de infartos e AVCs (Acidente Vascular Cerebral) se manteve estável em 2021, na comparação com os dois anos anteriores, segundo dados dos cartórios de registro civil do país. Os dados demonstram que o início da vacinação contra a covid-19 não teve impacto sobre os números.

Ao longo dos últimos meses, grupos antivacina têm divulgado uma série de fake news sobre a vacinação para tentar desacreditar o processo de imunização contra a covid-19. Um dos argumentos mais usados é que haveria risco de infarto ou AVC após tomar o imunizante.

Mas os dados consultados pelo UOL no portal da transparência da Arpen Brasil (Associação de Registradores de Pessoas Naturais) deixam claro que o número das duas causas de morte seguem um padrão.

Causa de mortes por ano:

AVC
2019 - 102.233
2020 - 103.073
2021- 105.755

Infarto
2019- 100.237
2020 - 95.837
2021 - 101.207

O UOL apresentou os dados ao epidemiologista e professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Paulo Petry, que afirma não haver variações fora do comum.

"Analisando esses números se percebe uma pequena flutuação, para mais ou para menos, mas que não tem valor estatístico. A gente diz que não há significância estatística", explica.

É impossível querer atribuir essas variações a qualquer que seja o fator porque não há variação estatisticamente significativa! É impossível dizer que houve aumento ou declínio. Essa flutuação é normal".
Paulo Petry, epidemiologista

Sem grandes riscos

Em 2021, ainda segundo dados do portal da transparência da Arpen Brasil, morreram de covid-19 406 mil pessoas, mais que o dobro dos 199 mil óbitos pela doença registrados em 2020. Com isso, o número de mortes total no país no ano passado foi recorde: 1.732.148.

Em 2020, foram registradas, ao todo, 1.471.459 mortes, e em 2019, 1.279.556.

Dados do Ministério da Saúde apontados em boletim epidemiológico especial de novembro apontou que risco de ser internado com a SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) é 257 vezes maior do que o de ter uma reação ao imunizante.

Segundo o boletim, a incidência de eventos adversos graves (EAG) notificados no Brasil foi de cerca de 5,1 eventos para cada 100 mil doses aplicadas (ou 0,005% do total). Foi analisada a aplicação, no período, de 194 milhões de doses.

No país, até a última segunda-feira (quando a imunização no país completou um ano), havia pelo menos 162 milhões de brasileiros que tomaram ao menos a primeira dose da vacina.

O resultado foi dentro do que se imaginava. Todas as agências reguladoras têm colocado que as vacinas, quando comparadas com a doença, trazem um benefício muito maior que os riscos de eventos adversos".
Juarez Cunha, presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações)