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Queiroga diz que hidroxicloroquina não tem eficácia comprovada contra covid

Do UOL, em São Paulo

25/01/2022 00h16Atualizada em 25/01/2022 09h15

Após o Ministério da Saúde defender a hidroxicloroquina, em uma norma técnica publicada pela pasta, o ministro Marcelo Queiroga admitiu que o uso do medicamento ainda não possui eficácia comprovada contra a covid-19.

Essas medicações foram utilizadas no começo da pandemia e, na época, o uso era chamado de 'uso compassivo'. Todos usaram. Posteriormente, se viu que, nessas situações, essa medicação não era mais aplicada e foi testada em outros contextos, né? Essas medicações, inclusive eu já falei, são medicações cujo o uso científico ainda não está comprovada, mas essa confusão que querem criar entre vacina e cloroquina é totalmente descabida. Marcelo Queiroga, durante participação no programa "Sem Censura", da TV Brasil

Na semana passada, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Netto, afirmou em uma nota técnica assinada por ele que as vacinas contra a covid-19 não possuem efetividade e segurança e que a hidroxicloroquina tem.

A posição de Angotti foi externada em um documento no qual ele apresenta justificativas para rejeitar protocolo aprovado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) que contraindica o uso do chamado tratamento precoce em pacientes que não estão internados.

Tanto o uso da hidroxicloroquina como a adoção do tratamento precoce são amplamente rechaçados e contraindicados por especialistas e tampouco têm aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Rede pede afastamento de secretário

O partido Rede Sustentabilidade acionou o STF (Supremo Tribunal Federal) para pedir o afastamento de Angotti Neto. Na petição, a legenda também pede a suspensão da nota e a determinação de elaboração de uma nova diretriz, que observe normas e critérios científicos e técnicos.

Além disso, há o pedido de abertura de um processo administrativo no Ministério da Saúde contra o secretário, bem como procedimentos de investigação no MPF (Ministério Público Federal) para apurar eventuais responsabilidades criminais e atos de improbidade administrativa.

No texto, o partido argumenta que o secretário "tratou de agradar o Chefe e desprezar as importantes orientações técnicas expedidas pela Conitec". A petição ressalta o que chama de "negacionismo propagandeado e incentivado" pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

O partido também ressaltou que é "inacreditável" discutir o uso de hidroxicloroquina, bem como de outros medicamentos ineficazes para o tratamento da doença, há quase dois anos.

O ex-vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse no Twitter que a nota técnica do ministério "propaga fake news, atacando a vacina e, em desacordo com a ciência, promove remédios ineficazes contra a covid-19!"

"Não podemos deixar que eles tratem a vida como brincadeira!", criticou.